Responsive image

Jeffrey Nyquist - artigos - Sant77

26 / 30

Grande Estratégia, Parte IV (1940) (Jeffrey Nyquist - 27/03/2021)

3 Views
Sant77
Sant77
subs count
109
Published on 10 May 2025 / In Other

https://jrnyquist.blog/2021/03..../27/grand-strategy-p

Grande Estratégia, Parte IV (1940) (Jeffrey Nyquist - 27/03/2021)


No caso de um conflito geral, apenas um país poderá vencer. Esse país é a União Soviética.
— Adolf Hitler, 19 de novembro de 1937 (conversa com Lord Halifax)
Segundo Viktor Suvorov, “Tudo na União Soviética relacionado ao início da Segunda Guerra Mundial está oculto pela escuridão impenetrável do segredo de Estado.” As palavras de Suvorov são tão verdadeiras hoje quanto quando foram escritas. O que Moscou esconde sobre a entrada da União Soviética na Segunda Guerra Mundial? A resposta é simples. Se compreendêssemos a estratégia do Kremlin antes da Segunda Guerra, poderíamos compreender a estratégia do Kremlin hoje.
Para resumir a fase inicial da guerra: em 23 de agosto de 1939, quando o Pacto Molotov-Ribbentrop foi assinado pelos ministros das Relações Exteriores da Alemanha e da União Soviética, Stálin não conseguiu conter sua euforia. “Eu o enganei. Enganei Hitler”, teria dito ele. É o que Nikita Khruschov registra em suas memórias. O Pacto Molotov-Ribbentrop levou Hitler ao erro de pensar que poderia invadir a Polônia sem provocar guerra com os Aliados Ocidentais. Nesse ponto, Hitler havia cometido um grave erro de cálculo, especialmente considerando que sua própria política de longo prazo previa uma aliança com a Grã-Bretanha.
Como já se observou, Hitler era estrategicamente perspicaz. Contudo, carecia da disciplina, paciência e autocontrole necessários para seguir suas próprias percepções. Em 1923, enquanto prisioneiro na fortaleza de Landsberg, Hitler meditava sobre as causas da derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial. Observando um mapa do mundo e notando os vastos domínios anglo-saxões em quatro continentes, escreveu:
“Nenhum sacrifício deveria ter sido considerado demasiado, se fosse um meio necessário de conquistar a amizade da Inglaterra.” Mas agora Hitler havia arruinado suas chances. Havia se aliado a Moscou em vez de Londres.
Segundo Suvorov, “Foi apenas no verão de 1940 que Hitler percebeu … que fora enganado.” Como essa percepção lhe veio? Não foi fácil para Hitler enxergar o problema de imediato. Em 1940, Stálin ajudava Hitler de todas as maneiras imagináveis — enviando grandes carregamentos de grãos e petróleo para a Alemanha, e utilizando militantes do Partido Comunista na França e na Grã-Bretanha para sabotar o esforço de guerra aliado. Até mesmo nos Estados Unidos, os comunistas agitavam contra os Aliados — acusando França e Grã-Bretanha de fomentarem a guerra. Isso raramente é mencionado nas histórias do período, mas é um fato crucial.
Os comunistas de hoje gostam de se apresentar como inimigos do nazismo e do racismo. Mas essa não é toda a verdade. De 23 de agosto de 1939 até 22 de junho de 1941, os comunistas ajudaram ativamente Hitler. Eles apoiaram o nazismo. E se algum membro do Partido Comunista se recusasse a colaborar com Hitler, era ameaçado de expulsão do partido.
Enquanto partidos políticos, os partidos comunistas do mundo não comunista são pequenos em número, mas compensam essa fraqueza numérica com disciplina de ferro. Esses partidos não são como o Partido Republicano ou o Partido Democrata.
“É preciso ter em mente que o Partido Comunista é organizado em bases totalitárias”, observou Benjamin Gitlow. “Aos membros não é permitido criticar a liderança nem suas políticas. Um simples protesto contra Stálin bastava para provocar a expulsão do partido. Os membros se reuniam para receber ordens e cumpri-las, não para expressar opiniões.”
Não foi pouca coisa, em agosto de 1939, quando todo o movimento comunista passou de oposição a Hitler para o apoio a ele. Por conta dessa “virada”, o Partido Comunista dos EUA perdeu 15 mil de seus 100 mil membros. Segundo Gitlow, os líderes das organizações comunistas judaicas em Nova York foram obrigados a comparecer a uma reunião secreta presidida pelo então ex-presidente do Partido Comunista, William Z. Foster, que defendeu o pacto de Stálin com Hitler lançando “um ataque violento contra os judeus, declarando que eram estreitos e chauvinistas em sua visão do pacto. Os judeus do Partido, acusou ele, por causa do antissemitismo de Hitler … haviam perdido de vista as considerações políticas mais amplas e muito mais importantes envolvidas.” Foster exigiu que os judeus agissem como comunistas, e não como judeus. Chamou de imediato uma votação, e todos sabiam que um voto negativo significava expulsão do amado Partido Comunista. A disciplina de ferro do Partido não era brincadeira. Segundo Gitlow, “Muitos [dos líderes judeus] demonstravam sinais de grande agitação mental … mãos agarravam com força as cadeiras à frente. Os líderes máximos do Partido haviam vindo para subjugar os líderes judeus à força, não para discutir a questão com eles.”
A votação foi feita na hora. Humilhados e coagidos, votaram a favor do plano de Stálin de ajudar Hitler. A mesma disciplina de ferro se aplicava a todas as seções do Partido Comunista dos EUA, aos comunistas britânicos e franceses, e a muitos outros.
Aqui estava um instrumento obediente e totalitário à disposição de Stálin. Nenhum outro líder mundial da época dispunha de algo comparável ao alcance global de Stálin. Ninguém possuía o poder de subverter, infiltrar e influenciar outros países como ele. Voltaremos a esse tema ao longo desta breve história da Segunda Guerra Mundial, pois, como veremos, ele influenciou todo o curso do conflito.
Em 1940, Hitler podia ver que os Partidos Comunistas ao redor do mundo estavam tentando minar o esforço de guerra dos Aliados. Isso era reconfortante para Hitler, mas tudo fazia parte do engodo de Stálin. Ao mesmo tempo, a inteligência militar alemã estava cada vez mais alarmada com as ações dos agentes soviéticos nos países ocupados. Em 30 de junho de 1940, o quadro que começava a se formar das "ações ativas" soviéticas na Polônia e na Escandinávia era alarmante. Os agentes secretos de Stálin trabalhavam para minar o moral do Exército Alemão.
Considere a seguinte conversa, que ocorreu entre Molotov e Georgi Dimitrov, então Secretário-Geral da Comintern:
“Estamos seguindo uma linha de desmoralização das tropas alemãs que ocupam vários países”, explicou Molotov. Dimitrov então perguntou: “Mas isso não interferirá com a política soviética [de apoio à Alemanha]?” Molotov respondeu: “Claro que sim. Mas isso precisa ser feito de qualquer maneira. Não seríamos comunistas se não seguíssemos esse curso. Apenas precisa ser feito discretamente.” (Ver o relato de Albert Weeks, referenciado na nota de rodapé, p. 76.)
Quando o armistício com a França foi concluído em 22 de junho de 1940, Hitler ainda se encontrava em um estado de confiança. Como mostra a pesquisa de Suvorov,
“Hitler ordenou uma drástica redução das forças armadas alemãs. A redução foi ampla e intensa, pois não havia planos, indícios ou previsões que sugerissem que uma guerra com a União Soviética se aproximava. E então, de súbito, veio o golpe soviético contra a Romênia.”
Esse foi um ponto de inflexão no pensamento de Hitler. Quando Ribbentrop negociou o pacto em agosto de 1939, os alemães ignoraram um pequeno detalhe. Stálin havia inserido um parágrafo: “Com relação ao Sudeste Europeu, a parte soviética chama a atenção para seu interesse na Bessarábia. A parte alemã declara seu completo desinteresse político por essas áreas.”
Os alemães quase certamente não perceberam que estavam concordando com uma invasão soviética em grande escala da Bessarábia e da Bucovina do Norte.
Em 28 de junho, enquanto os exércitos de Hitler ocupavam a França, os exércitos soviéticos começaram a ocupar partes da Romênia. Moscou havia dado um ultimato ao governo romeno em 26 de junho de 1940. Após consultas com os alemães, os romenos sabiamente retiraram suas forças para evitar um confronto direto com Moscou, o que poderia ter tido resultados desastrosos. Agora, os tanques soviéticos estavam perigosamente próximos dos campos de petróleo romenos, dos quais o exército alemão dependia. Segundo Suvorov, a invasão da Bessarábia e da Bucovina do Norte causou
“caos no quartel-general alemão.”
Se os tanques soviéticos não interrompessem seu avanço, a Alemanha perderia sua principal fonte de petróleo. Hitler começou a se preocupar com as intenções finais de Stálin.
De acordo com Suvorov,
“Em 21 de julho de 1940, Hitler, pela primeira vez … mencionou a ideia do ‘problema russo’.”
Naquele mesmo dia, o Marechal-de-Campo General W. Brauchitsch recebeu a ordem de elaborar planos para uma guerra contra a União Soviética. A tarefa de redigir o plano foi confiada ao Major-General Erich Marcks, que iniciou seus trabalhos em 29 de julho de 1940.
O Drama Militar de 1940
Para compreender plenamente o dilema estratégico que Hitler enfrentava em julho de 1940, é necessário um breve relato cronológico. Com relação a tudo o que ocorreu, os cálculos de Stálin só falharam quanto à eficiência militar alemã. Todos haviam subestimado a Wehrmacht — inclusive Hitler e os próprios generais alemães. De forma alguma os alemães previram as vitórias fáceis de 1940. Quando observamos as avaliações militares alemãs no início daquele ano, elas estavam longe de ser otimistas. Na verdade, eram bastante sombrias. A Alemanha estava em sérias dificuldades, especialmente por causa do bloqueio britânico.
Após a conquista da Polônia por Hitler, em setembro de 1939, franceses e britânicos estavam insatisfeitos com sua postura passiva. Desejava-se uma estratégia mais agressiva. Como um assalto direto à Linha Sigfrido alemã era impraticável, Londres e Paris optaram por uma estratégia indireta, visando paralisar a economia de guerra alemã. Isso seria realizado por meio de uma invasão da Escandinávia, com o objetivo de cortar as principais fontes de minério de ferro da Alemanha.
Segundo a Encyclopedia Britannica, os britânicos prepararam uma série de desembarques na costa norueguesa para a terceira semana de março de 1940, mas o mau tempo forçou o adiamento da invasão. Hitler havia recebido informações de inteligência sobre a iminente ofensiva aliada na Escandinávia e decidiu atacar preventivamente. O que se seguiu foi uma invasão alemã, imaginativa e improvisada, da Dinamarca e da Noruega, iniciada em 9 de abril de 1940. Os alemães conseguiram frustrar os esforços britânicos de estabelecer uma cabeça de ponte na Noruega e conquistaram uma vitória inesperada por meio do uso coordenado de poder naval e aéreo. Noruega e Dinamarca foram ocupadas pelas forças alemãs.
Em 10 de maio de 1940 começou o evento principal. Dois grupos de exércitos alemães lançaram um ataque contra os Países Baixos e a França. De forma inesperada, as divisões Panzer romperam a linha francesa em Sedan, cercando as divisões britânicas e francesas que avançavam para ajudar os belgas.
(O mapa abaixo ilustra a manobra com a qual a França foi conquistada pela Alemanha em 1940.)

As tropas britânicas, tendo sido envolvidas pelo flanco, recuaram para o Canal da Mancha, onde a maior parte da Força Expedicionária Britânica foi evacuada com sucesso em Dunquerque. Para piorar a situação, Benito Mussolini declarou guerra à França e à Grã-Bretanha, dizendo ao marechal Badoglio: “Só preciso de alguns milhares de mortos para poder sentar-me na conferência de paz como um homem que combateu.” Enquanto isso, Paris caiu nas mãos dos alemães, à medida que a posição militar francesa desmoronava. A França foi derrotada e assinou um armistício em 22 de junho de 1940.
Segundo o grão-almirante Raeder, o Estado-Maior Naval não perdeu tempo. Passaram imediatamente a se concentrar em como a guerra poderia ser levada contra a Inglaterra. Na realidade, a Marinha alemã ficou tão surpresa quanto o restante do comando alemão diante do sucesso do Exército. Em suas memórias, Raeder escreveu que “um conflito armado com a Grã-Bretanha não havia sido considerado [antes da guerra]”. Agora, com o desenrolar inesperado de uma guerra inesperada, a Alemanha se deparava com uma oportunidade surpreendente. Antes da derrota da França, a estratégia de Raeder consistia em responder ao bloqueio britânico com um bloqueio semelhante, usando submarinos e encouraçados de bolso. A ideia era afundar navios mercantes britânicos e sufocar economicamente o Reino Unido.
Com a queda da França, no entanto, Raeder viu a possibilidade de uma solução completamente diferente: a Inglaterra poderia ser invadida diretamente.
Segundo Raeder, uma invasão da Inglaterra exigiria transporte naval “em escala colossal”. Seriam necessários sacrifícios imensos para mobilizar barcaças e embarcações da economia civil. Considerando esses e outros problemas logísticos, caberia à sua equipe decidir se a invasão era viável. A tarefa de estudar a questão foi confiada ao vice-almirante Schniewind, chefe do Estado-Maior Naval de Guerra, e ao contra-almirante Fricke, chefe do Departamento de Operações. Sabendo que não havia tempo a perder, Raeder levou o “estudo da invasão” de Schniewind e Fricke até Hitler. Seu objetivo era impedir o surgimento de um plano improvisado “por alguma pessoa irresponsável”. Conforme relatou Raeder: “Hitler poderia agarrar-se à ideia, com o resultado de que a Marinha seria encarregada de tarefas impossíveis. Toda minha experiência com Hitler havia me convencido da importância de apresentar-lhe nossas próprias avaliações antes que pessoas menos qualificadas o influenciassem.”
Raeder temia que uma invasão da Inglaterra parecesse algo simples ao Exército. Ele escreveu: “Acabávamos de realizar uma operação anfíbia extremamente bem-sucedida, sobre águas amplas, contra a Noruega, e muitos poderiam ter a ideia de que uma ação semelhante teria o mesmo êxito contra a Inglaterra.”
Em um dia claro, a Inglaterra podia ser vista do outro lado do Canal. A travessia parecia curta para uma invasão, especialmente se comparada à operação na Noruega. Por que não cruzar o Canal e acabar de vez com os britânicos? Segundo Raeder, “qualquer comandante naval experiente saberia que... uma preparação longa e cuidadosa era absolutamente necessária.” Ao mesmo tempo, no entanto, os militares britânicos se fortaleciam a cada dia. Logo, uma invasão se tornaria impraticável. Raeder informou a Hitler, em 20 de junho de 1940, que “um desembarque seria extremamente difícil e [estaria] sujeito aos riscos mais graves. No entanto, o desenvolvimento do avião, tanto para combate quanto para transporte, havia introduzido um novo elemento… Uma força aérea poderosa e eficaz poderia criar condições favoráveis para uma invasão...”. Raeder concluiu que tudo dependia da Força Aérea Alemã (ou seja, a Luftwaffe); portanto, a decisão final caberia ao marechal do ar Hermann Göring.
Refletindo sobre suas opções, Hitler não deu ordens imediatas à Marinha para preparar uma invasão. Preferiu pensar e consultar-se com Goering. Para surpresa de Raeder, em 15 de julho de 1940, “o Estado-Maior Naval foi informado verbalmente de que os preparativos para a operação deveriam ser acelerados a tal ponto que ela pudesse ser lançada a qualquer momento a partir de 15 de agosto.” Já no dia seguinte, “os três ramos das Forças Armadas receberam uma diretriz assinada por Hitler, ordenando preparativos totais para uma invasão da Inglaterra. A diretriz indicava que a operação deveria assumir a forma de um desembarque anfíbio surpresa em uma ampla frente, e a data inesperadamente próxima havia sido escolhida porque o Estado-Maior do Exército sabia que não se poderia contar com bom tempo após o início de outubro.”
Hitler decidira avançar contra a Inglaterra. Mas o grão-almirante Raeder acreditava que uma invasão não poderia ser organizada adequadamente em tão pouco tempo. Reuniu-se com os principais generais alemães com a intenção de assustá-los com os fatos. A guerra anfíbia, explicou, era extremamente perigosa. Aquilo não seria como invadir a Noruega. Toda a força de invasão alemã poderia ser destruída no mar ou em terra se a Marinha ou a Força Aérea alemã falhassem em manter o domínio naval e aéreo. Explicou ainda que os portos franceses, de onde a invasão seria lançada, estavam danificados pelas batalhas na França. O ataque não poderia ser lançado antes de meados de setembro, o que deixava apenas duas semanas de clima favorável para conquistar um porto inglês de grande porte, ainda intacto. Pior ainda: os locais preferidos pelo Exército para o desembarque eram conhecidos por suas condições meteorológicas adversas, mar agitado e marés desfavoráveis; além disso, a Marinha não possuía embarcações de desembarque capazes de transportar equipamento pesado até as praias.
Os generais alemães tendiam a pensar que cabia à Marinha resolver esses problemas; mas Hitler ficou impressionado com os argumentos de Raeder. Redefiniu a data da invasão — codinome “Operação Leão Marinho” — para 16 de setembro de 1940. À medida que os atritos entre o Exército e a Marinha aumentavam, o plano original, que previa uma força de invasão com 25 a 40 divisões, foi reduzido para 13. Isso alarmou profundamente o Exército, que exigia zonas de desembarque ao longo de uma frente ampla. Os almirantes de Raeder afirmaram que isso era “impossível.” A Marinha alemã era pequena demais para proteger uma longa faixa costeira contra o poder naval superior dos britânicos.
Enquanto isso, em Moscou, Stalin parecia estar ajudando Hitler ainda mais. Na realidade, Stalin estava ajudando a si próprio — pretendendo abocanhar uma parte da Grã-Bretanha devastada pela guerra. No livro Spymaster: The Betrayal of MI5, de William J. West, deparamos com uma curiosa informação de inteligência relacionada à invasão da Inglaterra em 1940. “A América, no século XX, escapou misericordiosamente de duas das mais graves ameaças que podem confrontar um país — invasão externa e revolução interna violenta,” escreveu West. “Em 1940 e início de 1941, a Grã-Bretanha enfrentava seriamente ambas.”
Segundo West, o Partido Comunista Britânico foi instruído a preparar uma revolução comunista.
Como explicou West, “Quando a Rússia de Stalin ... assinou o pacto Nazi-Soviético em agosto de 1939, fazendo causa comum com o governo nazista alemão, a vigilância sobre os comunistas na Grã-Bretanha deveria ter sido ainda mais intensa.” Mas não foi; e, pior ainda, o agente do MI5 encarregado de monitorar o Partido Comunista Britânico era Roger Hollis, um agente duplo soviético. O plano comunista para a revolução era simples. Tudo culminaria em “uma assembleia revolucionária que teve lugar em Londres. Delegados representando mais de um milhão de pessoas pretendiam promover uma mudança revolucionária com um ‘Governo do Povo’, aprovando moções que esperavam iniciar um movimento semelhante ao ocorrido na Rússia em 1917. O movimento era coordenado entre Moscou e Berlim.” A ideia era propor uma “paz popular”.
Observadores como George Orwell viam essa “Convenção Popular” como uma tentativa cínica de Moscou de ajudar a Alemanha a derrotar a Grã-Bretanha. A política dos comunistas era chamada de “derrotismo revolucionário”. Como observou West, “Orwell jamais foi perdoado pelo Partido Comunista nem por seus simpatizantes” por denunciar publicamente o complô. Os comunistas eram tão influentes na Grã-Bretanha em tempos de guerra que o Ministério da Informação (MOI) retaliou proibindo o livro anti-comunista de Orwell, A Revolução dos Bichos, em 1944. Como veremos adiante, a subversão comunista das instituições britânicas e americanas foi um problema durante toda a Segunda Guerra Mundial.
Durante os dias em que o grão-almirante Raeder, os generais alemães e Hitler planejavam a invasão da Inglaterra, os comunistas britânicos trabalhavam para minar o governo de Winston Churchill. Seis dias após a evacuação de Dunquerque, o deputado comunista William Gallagher “expressou sua opinião na Câmara dos Comuns de que ‘chegara a hora de uma completa reorganização do Governo, na forma de um Governo do Povo’.” Os comunistas agitavam em favor da “paz” — o que, na prática, significava a vitória dos ditadores que haviam assinado o Pacto Molotov-Ribbentrop. Como comentou West, “um programa mais desmoralizante para um país em guerra seria inconcebível.”
West sugeriu que nada foi feito em relação a essa traição comunista durante seis meses porque Roger Hollis, do MI5 — responsável por monitorar tal atividade — minimizou o perigo que ela representava. (Depois que a Grã-Bretanha e a União Soviética se tornaram aliadas em junho de 1941, acrescenta West, “todo o episódio tornou-se embaraçoso para todos os lados: para os comunistas, porque haviam agido em conjunto com Berlim para encerrar a guerra rapidamente; e para a direita, porque a simples ideia de que um movimento revolucionário pudesse existir na Grã-Bretanha moderna, sob qualquer forma, era anátema.”)
Quando começou a Batalha da Grã-Bretanha e os bombardeios atingiram Londres, os comunistas espalharam relatos alarmistas de gangues dissolvendo comitês de abrigo profundo. Agitadores comunistas na imprensa britânica foram implacáveis. Tratava-se da pior espécie de sedição no pior momento possível. Mas o povo britânico não aceitou a propaganda pacifista dos comunistas. Por consequência, a revolução comunista pretendida fracassou por falta de apoio popular e colapsou.
Enquanto isso, no continente, os alemães finalizavam sua estratégia de invasão. O almirante Raeder, convencido de que a operação era perigosa demais, passou a trabalhar discretamente sobre os demais líderes militares alemães. A Força Aérea, afirmou, teria de alcançar supremacia aérea absoluta. Caso contrário, o plano teria de ser abandonado. Raeder semeava dúvidas em todos os interlocutores. Disse a Hitler que a invasão deveria ser adiada até maio de 1941. Como que para desautorizá-lo, Hitler adiantou a data da invasão para 15 de setembro de 1940. Tudo dependeria da ofensiva da Luftwaffe contra a Força Aérea Real (RAF).
A princípio, após uma semana de ataques brutais, parecia que o poder aéreo alemão venceria. Enquanto generais e almirantes alemães gritavam uns com os outros sobre a extensão das zonas de desembarque na Inglaterra, a ofensiva aérea alemã lentamente degenerava em uma batalha de desgaste. No final, a Luftwaffe não conseguiu subjugar a RAF. Como relatou Raeder em suas memórias, “nossa própria defesa antiaérea não era suficiente para impedir a atividade aérea inimiga contínua sobre os portos do Canal, com o resultado de que nossas embarcações reunidas e nossas áreas de embarque estavam sob constante observação e ataque. Somente em 13 de setembro perdemos 80 barcaças de transporte para ataques aéreos inimigos.”
Em 17 de setembro, Hitler cancelou a invasão, mas ordenou a Raeder que prosseguisse com os preparativos, ainda que apenas para manter a Inglaterra sob pressão. Depois, em 12 de outubro, Hitler emitiu uma ordem secreta a todas as forças armadas, cancelando formalmente a invasão da Grã-Bretanha. As embarcações que Raeder havia reunido foram devolvidas à economia civil, que as necessitava urgentemente.
A seguir, Hitler reuniu-se com o líder espanhol Francisco Franco, em 23 de outubro de 1940, numa estação ferroviária francesa perto da fronteira com a Espanha. Hitler convidou Franco a juntar-se ao Eixo. Franco exigiu comida e petróleo. Após sete horas de conversações, Hitler estava exasperado. Com o bloqueio britânico, ele não podia poupar nem comida nem petróleo — dois recursos em escassez crítica. A Espanha permaneceria neutra.
Em 28 de outubro, Hitler ficou furioso ao saber que seu parceiro fascista, Benito Mussolini, havia invadido a Grécia sem consultá-lo. A invasão foi um desastre. Os italianos atacaram a Grécia a partir da Albânia e foram repelidos para as montanhas albanesas, onde passaram fome e congelaram durante o inverno. Hitler agora se via na obrigação de resgatar seu aliado italiano na primavera. Uma piada começou a circular no Exército alemão. Um general informa a Hitler que a Itália entrou na guerra. Hitler, calmamente, diz: “Envie uma divisão panzer.” O general responde: “Não, mein Führer, a Itália entrou na guerra ao nosso lado.” Hitler exclama: “Oh, meu Deus, envie dez divisões panzer!”
À medida que uma dificuldade se somava a outra, Hitler refletia sobre o que Stalin lhe fizera – forçando-o a entrar em uma guerra que ele jamais poderia vencer. Revelando suas preocupações, em 4 de novembro, Hitler disse ao general Halder que a Rússia seria um problema. “Tudo deve ser feito para que estejamos prontos para o confronto final”, disse Hitler. Segundo Ernst Topitsch, “Na Alemanha, a ideia de um confronto militar com a União Soviética estava gradativamente criando raízes.”
Em 12 de novembro de 1940, Molotov veio a Berlim e se encontrou com Hitler e Ribbentrop. Molotov fez várias exigências extorsivas. Hitler incentivou os soviéticos a avançar para o sul contra as posições britânicas na Índia e no Golfo Pérsico. Em um momento, Hitler cometeu uma falha, dizendo que estava em uma luta até a morte com a Grã-Bretanha. Molotov se divertiu com essa admissão alemã de fraqueza, dizendo que a Alemanha obviamente estava lutando pela sua vida porque Churchill estava decidido a destruí-la. Hitler e Ribbentrop tentaram agradar Molotov, mas o ministro das Relações Exteriores soviético se mostrou reservado e indiferente. Finalmente, depois que Hitler e Ribbentrop não conseguiram obter resultados, Molotov começou a fazer exigências.
Topitsch resumiu o intercâmbio da seguinte maneira: “[Molotov] exigiu, primeiramente, que a Finlândia fosse entregue, depois expressou seu desagrado com a garantia alemã à Romênia e quis saber qual era a posição da Alemanha sobre uma garantia semelhante da União Soviética à Bulgária; [depois] uma nova exigência dizia respeito a bases na região dos Dardanelos.”
Molotov então começou a bombardear Hitler com perguntas impertinentes. O principal tradutor de Hitler, Paul Schmitt, mais tarde disse: “Nenhum visitante estrangeiro jamais falara com ele dessa maneira na minha presença.” Hitler manteve a calma o tempo todo, nunca perdendo a compostura. Segundo Topitsch, o ditador alemão “era a própria gentileza e educação.” Mas Molotov continuou fazendo exigências e fazendo perguntas rudes. Não há dúvida de que a hostilidade de Hitler à União Soviética se intensificou.
Em 5 de dezembro de 1940, o plano de invasão da União Soviética do general Marcks, que Hitler havia ordenado sob o codinome “Operação Otto”, foi apresentado. Ao analisá-lo, Hitler ficou descontente. Muitos de seus conselheiros mais próximos advertiram contra o ataque à Rússia; mas Hitler percebeu que a guerra com Stalin era agora inevitável. Se ele não atacasse Stalin, o ditador soviético certamente lançaria uma invasão devastadora da Romênia, cortando o fornecimento de petróleo para a Alemanha.
Em 18 de dezembro, Hitler ordenou um plano revisado para a invasão da Rússia, chamando-o de “Operação Barbarossa.” Assim, o palco estava armado para o “confronto final” entre a União Soviética e a Alemanha nazista em 1941.
Comentários adicionais acerca dos fins e dos meios
Agora que cobrimos a primeira fase da guerra, um pós-escrito se faz necessário. A conexão feita anteriormente, entre a grande estratégia e a moralidade, entre fins e meios, torna-se mais clara quando observamos o comportamento das grandes potências. Muitos escritores comentaram sobre a imoralidade da política das grandes potências, mas poucos tentaram uma síntese completa. Nos parágrafos seguintes, tentarei ligar algumas ideias-chave.
Quando pensamos em princípios morais, muitas vezes lembramos das platitudes morais ensinadas a nós quando crianças. Elas são frequentemente simples e não fornecem direção para situações complexas que ocorrem na vida adulta. A política e a guerra nos envolvem em uma camada adicional de complexidade moral. A complexidade é tão grande, na verdade, que há amplas áreas de desacordo moral/político. Esses desacordos provêm de ideias filosóficas e religiosas. Em termos das ideias que influenciaram a estratégia soviética, essas podem ser ditas como diretamente derivadas da filosofia materialista dialética de Marx e Lenin. A estratégia nazista veio diretamente da mente de Hitler, que era um panteísta racial darwinista (veja a nota de rodapé sobre o estudo de Richard Weikart, Hitler’s Religion). A estratégia aliada seguiu do liberalismo democrático; mas, à medida que a guerra progrediu, os Aliados adotaram estratégias que empoderaram a União Soviética. Encontramos, na história da Segunda Guerra Mundial, uma confusão intelectual por parte dos formuladores de políticas alemãs e aliadas, especialmente em termos de grande estratégia. Também vemos a depravação moral e o niilismo instrumentalista da estratégia soviética. A combinação dessas estratégias produziu a maior calamidade da história humana. O que é alarmante, hoje, é a persistência contínua desse mesmo padrão patológico de formulação de políticas desde a Segunda Guerra Mundial; para repetir, o padrão de erro intelectual e confusão nos países ocidentais, e uma continuidade do niilismo instrumentalista nas estratégias da Rússia e da China.
Os vencedores da guerra – os Aliados ocidentais e a União Soviética – apresentaram consistentemente o conflito como uma cruzada contra o mal. Essa propaganda foi usada para encobrir uma série de pecados e inconsistências. Cada lado na Segunda Guerra Mundial fez argumentos moralistas para o que fez. Cada lado na guerra cometeu atrocidades, embora as atrocidades de Hitler sejam geralmente consideradas mais bárbaras do que aquelas cometidas pelos Aliados e soviéticos. Não é fácil avaliar as reivindicações morais dos combatentes. É seguro afirmar que todos os lados se comportaram com brutalidade; todos os lados quebraram as regras da guerra, e nenhum saiu com as mãos limpas. Acredito que não fomos honestos conosco sobre a natureza perigosa das burocracias governamentais, a cegueira e a estupidez das pessoas que estão sob o feitiço da propaganda, e a pura mentira daqueles que querem evitar a responsabilidade por atos horríveis. De tudo isso, parece que a Segunda Guerra Mundial foi uma disputa pela perversidade; embora nem toda perversidade seja criada igual.
A Alemanha justificou sua guerra em termos do Tratado de Versalhes, das promessas não cumpridas dos Aliados em 1918, e do sofrimento dos civis devido ao bloqueio aliado, que continuou após a guerra, em 1919, e resultou na morte, por desnutrição, de mais de 800.000 crianças alemãs. No dia seguinte à entrega dos termos de paz à Alemanha, em 1919, o presidente do Reich, Friedrich Ebert (do Partido Social-Democrata, SPD), fez a seguinte reclamação, que mais tarde seria ecoada por Hitler: “A vontade honesta de paz do nosso povo, que suportou as dificuldades, recebeu sua primeira resposta nos termos extremamente duros do cessar-fogo. O povo alemão deitou suas armas e cumpriu honestamente todas as obrigações do cessar-fogo. No entanto, nossos oponentes, por seis meses, continuaram a guerra, mantendo o bloqueio de fome. O povo alemão suportou todos esses fardos com confiança no compromisso, dado pelos Aliados na nota de 5 de novembro, de que a paz seria uma paz justa e legal, baseada nos 14 Pontos de Wilson. O que nos é agora oferecido nos termos de paz contradiz o compromisso prometido, [e] é para o povo alemão intolerável, e também inatingível, [pois] está além de nossas forças. Violência sem medida ou limites será feita ao povo alemão. De uma paz forçada como essa, devem surgir novos ódios entre os povos e novos assassinatos ao longo da história.”
Essas palavras foram proféticas.
A propaganda moralista aliada de 1914-1918 demonizou tanto os alemães que a paz não poderia ser declarada sem aplicar um castigo severo. O fiasco da guerra, que custou tantas vidas, não foi justificável estrategicamente. Tampouco foi justificável moralmente. Alguém tinha que ser culpado. Alguém tinha que pagar. Os britânicos e os franceses declararam que os alemães eram culpados por iniciar a guerra, sem que nenhum culpado fosse atribuído aos franceses, russos ou britânicos. A Alemanha foi sobrecarregada com pesados pagamentos de indenização. Na verdade, a Alemanha fez seu último pagamento de reparações de guerra do Tratado de Versalhes em 3 de outubro de 2010.
A política aliada de 1919 não foi apenas perversa; foi estúpida. Muitos observadores, como o presidente do Reich, Ebert, viram no Tratado de Versalhes as sementes de uma futura guerra. Toda aquela retórica tola sobre lutar uma "guerra para acabar com todas as guerras" era demagogia autoenganadora. Era uma mentira dada por políticos eleitos a cidadãos crédulos que lutariam e morreriam em outra guerra mundial – a Segunda Guerra Mundial. Construíram um fiasco sobre a base de outro.
Os Aliados, é claro, justificaram sua entrada na Segunda Guerra Mundial com base nas promessas quebradas de Hitler em relação à Tchecoslováquia e sua agressão contra a Polônia. Enquanto isso, Moscovo justificou a agressão contra a Polônia, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia e Romênia como o "fortalecimento da segurança da [fronteira ocidental soviética]". Na verdade, a maioria das histórias diz que a União Soviética entrou na Segunda Guerra Mundial em 22 de junho de 1941 como vítima de Hitler. Mas isso é uma distorção dos fatos. Como Viktor Suvorov ironicamente observou: "Um soldado polonês morto em batalha em território polonês contra o Exército Vermelho [em 1939] é considerado um participante da Segunda Guerra Mundial, assim como sua vítima, enquanto o soldado soviético que o matou é considerado 'neutro'. Se na mesma batalha um soldado soviético for morto, então é julgado que ele não foi morto em tempo de guerra, mas em tempos de paz – no 'período pré-guerra'."
Qual estratégia deveria o Ocidente ter seguido em 1939? Patrick Buchanan ofereceu sua própria visão única sobre essa questão quando disse que Churchill "foi um grande homem – à custa da grandeza de seu país". A Grã-Bretanha foi a "nação indispensável" e Churchill foi o "homem indispensável"; mas a interferência britânica na política europeia transformou a guerra de 1914 em uma guerra mundial. A interferência britânica em 1939 transformou o conflito germano-polonês em uma segunda guerra mundial. No final, o Império Britânico, que havia garantido a liberdade dos mares e a estabilidade mundial, se arruinou e se desintegrou porque exagerou em seus objetivos. A América tentaria, sem sucesso, preencher o vazio deixado pelo colapso britânico pós-guerra, enrolando-se em uma série de guerras inconclusivas ou fracassadas. Quanto à França, a história da Guerra da Argélia e da Guerra da Indochina revelou a incapacidade fundamental da Quarta República Francesa. O desmoronamento do Ocidente, portanto, continuou sob a má gestão americana até os dias atuais, com uma ambiciosa China comunista agora surgindo como a possível potência hegemônica global.
Em termos de grande estratégia, todos esses desenvolvimentos indicam uma série de falhas estratégicas, acompanhadas de moralismo mentiroso, seguidas pela vitória aparentemente inevitável de algo muito sombrio. A visão moral que pensávamos estar seguindo era parte autoengano, parte sinceridade, mas inteiramente inconsistente em termos de fins e meios. A Grã-Bretanha e a França começaram a Segunda Guerra Mundial para impedir que Hitler tomasse a Polônia. Elas terminaram a guerra dando a Polônia a Stalin – e dando a Alemanha Oriental a Stalin, e a Hungria, a Tchecoslováquia, a Romênia, a Bulgária, etc. Voltando-se para a Ásia e o Pacífico, os Estados Unidos, por sua vez, antagonizaram o Japão em 1941 pela liberdade e independência da China; ainda assim, fizemos tudo no final da guerra para garantir a entrada das tropas soviéticas na Manchúria, e depois, minamos o governo nacionalista em favor dos comunistas de Mao.
Na verdade, não deveríamos ter lutado na Segunda Guerra Mundial se esse fosse o resultado (a Europa Oriental sob Stalin, a China sob Mao, a Coreia do Norte sob Kim). Este legado está conosco até hoje, e é um legado sombrio de fato; pois os mísseis da Rússia, China e Coreia do Norte estão apontados para os Estados Unidos – e nada nesta situação é provável que mude. Em 1938, tínhamos a Alemanha e o Japão como um bastião contra o comunismo na Europa e na Ásia. Olhem para a fraqueza da Alemanha hoje. Olhem para a vulnerabilidade do Japão. Por que destruímos aqueles países que estavam impedindo Stalin de expandir seu império? Era realista pensar que poderíamos defender o mundo praticamente sozinhos? Tivemos a vontade de resistir ao comunismo na Ásia? Julgando pelo resultado da Guerra do Vietnã, não tivemos. Não possuímos nem, atualmente, os recursos para manter o comunismo fora do Caribe. (Como qualquer um pode ver ao olhar para a situação na Venezuela, Cuba e Nicarágua.)
Os estrategistas ocidentais cometeram pelo menos dois erros: Primeiro, a inconsistência moral por trás de seu “objeto nacional” em mudança – combater uma forma de tirania (o nazismo) para empoderar outra (o comunismo); segundo, o mau manejo estratégico dos ocidentais nas crises pré-guerra na Europa e no Extremo Oriente. Pode-se argumentar que os líderes ocidentais mostraram pouca previsão em dois aspectos adicionais: Eles acalentaram Hitler com apaziguamento. Em seguida, tendo enganado completamente Hitler quanto à sua disposição de lutar, empurraram-no para os braços de Stalin em 1939, colocando-se em uma galeria de tiro.
No Ocidente, já não somos mais os mestres de grandes ideias, mas nos tornamos – em nossa política – escravos de tolices idiotas. "A guerra para acabar com todas as guerras", "Paz para o nosso tempo" e "rendição incondicional" são três slogans desastrosos que vêm à mente. Sócrates uma vez apontou que as pessoas que dizem coisas estúpidas por ignorância são mais perigosas do que aquelas que mentem sabendo a verdade. Há um sentido no qual a confusão intelectual e moral do Ocidente, que cresce a cada década, provém de uma ignorância cultivada e deliberada. Agora acreditamos em mentiras porque a ignorância é nossa felicidade. Simplesmente não nos importamos em saber de nada. Na verdade, a ignorância é, de alguma forma, vista como um lugar honrado de segurança em nossas formigas burocráticas que governam. Se você não sabe, então não pode ser responsabilizado. Mas essa fórmula coloca uma ignorância sobre outra. Políticas ruins, que resultam em vítimas em massa, não podem ser desculpadas sob a justificativa de ignorância ou desatenção. Enfatizando o ponto de Sócrates, se você for parado por um policial por ter passado no sinal vermelho sem vê-lo, o policial vai deixá-lo ir embora? Acredito que o motorista desatento é mais perigoso do que aquele que passa no sinal vermelho de propósito; pois o motorista que intencionalmente corre o sinal provavelmente olhou para os dois lados antes de quebrar a lei. O motorista oblivioso é o verdadeiro motorista perigoso. E o que vemos na história da estratégia ocidental é um motorista cada vez mais abstraído.
Olhando para o atual ocupante da Casa Branca, a palavra “abstração” adquire uma conotação ainda mais sinistra. (Nota de tradução: abstração adaptada do original em inglês oblivion, remetendo à ideia de desatenção, estar alheio e com a consciência separada da realidade).
Em termos daquela crua arma biológica "inocentemente vazada" do laboratório de Wuhan, na China, o número de vítimas pode chegar aos milhões ou até dezenas de milhões; – não porque os chineses criaram um vírus assassino, mas por causa dos bloqueios autodestrutivos e das vacinas do Ocidente. É o que chamei de "fator desastre". Da Segunda Guerra Mundial até o presente, esse fator tem se mostrado cada vez mais decisivo. Colapsar a própria economia para deter um vírus é uma cura pior do que a doença. Oferecer uma vacina que não impede os vacinados de pegar ou transmitir um vírus é um absurdo. Aqui está o crepúsculo do Ocidente. A Segunda Guerra Mundial foi apenas um prenúncio.

Show more
Responsive image

Log in to comment


0