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Uma Nação Séria e Reflexiva? (Jeffrey Nyquist – 27/04/2025)

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Publicado en 01 May 2025 / En Otro

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Uma Nação Séria e Reflexiva? (Jeffrey Nyquist – 27/04/2025)



“OS AMERICANOS, assim como todas as nações sérias e reflexivas, têm um temperamento vingativo. Raramente esquecem uma ofensa, mas não é fácil ofendê-los, e seu ressentimento é tão lento para acender quanto para se dissipar.”
— Alexis de Tocqueville
Há uma pergunta implícita nesta citação de Alexis de Tocqueville: os Estados Unidos são uma nação séria e reflexiva? Há, com toda certeza, pessoas sérias e reflexivas nos Estados Unidos. Mas, como nação, os americanos são sérios e reflexivos?
Uma nação é um agregado, variado e complexo. Ousamos generalizar? Na verdade, a célebre obra de Tocqueville contém muitas generalizações. O que ele diria agora, ao observar os Estados Unidos de hoje? Na década de 1830, Tocqueville descreveu os americanos como falando a linguagem da cidade, “conscientes do passado, curiosos quanto ao futuro e prontos a debater o presente; [o americano] é um homem muito civilizado preparado, por um tempo, para enfrentar a vida na floresta, lançando-se nos ermos do Novo Mundo com sua Bíblia, seu machado e seus jornais.”
O que observamos agora? Na década de 1930, cem anos após Tocqueville, H. L. Mencken tinha uma visão bastante sombria da democracia americana, chamando-a de boobocracy (isto é, governo de idiotas). Mencken escreveu:
“À medida que a democracia se aperfeiçoa, o cargo de presidente representa, cada vez mais de perto, a alma interior do povo. Em algum grande e glorioso dia, o povo simples deste país finalmente realizará o desejo mais profundo de seu coração, e a Casa Branca será adornada por um completo imbecil.”
— (On Politics: A Carnival of Buncombe)
Como humorista, Mencken fazia troça; mas era, não obstante, sério ao sugerir que as nações podem ser julgadas por seus líderes eleitos. Houve um declínio na qualidade dos presidentes americanos entre os séculos XIX e XX? No tempo de Tocqueville vemos dois presidentes característicos: (1) John Quincy Adams e (2) Andrew Jackson. O primeiro era um brilhante estadista, o segundo um homem austero e militarmente resoluto. No tempo de H. L. Mencken vemos (1) Calvin Coolidge e (2) Franklin Roosevelt como tipos representativos. Quando Coolidge morreu, o comentário espirituoso de Dorothy Parker foi: “Como podem saber?” Quanto a Franklin Roosevelt, sua morte levou Stalin a enviar o embaixador soviético para ver o cadáver de Roosevelt (pois Stalin temia que ele tivesse sido assassinado para frustrar a política soviética).
E agora, mais de duas décadas dentro do século XXI, encontramos (1) Joseph Biden e (2) Donald Trump representando a presidência. O primeiro esteve decrépito e senil durante todo o seu mandato, enquanto o segundo é uma caricatura televisiva de um líder. O declínio na qualidade é evidente por si só. Coolidge não tropeçava nem se desviava em direções erradas, como Biden; e Roosevelt não pensava, como Trump, em cortar o orçamento militar dos Estados Unidos enquanto a guerra grassava na Europa. Alguns tentaram comparar Andrew Jackson a Trump. A comparação desmorona, no entanto, quando percebemos que Jackson foi um general vitorioso que lutou em campo, enquanto Trump sempre foi um showman cujos instintos pertencem ao campo do entretenimento.
Como explicamos essas mudanças qualitativas na liderança?
Em 1985, Neil Postman publicou seu livro Amusing Ourselves to Death (Divertindo-nos até a morte), no qual afirmou que a era da palavra impressa havia chegado ao fim. Postman sustentava que havíamos entrado na “Era do Show Business” (uma era em que celebridades televisivas como Ronald Reagan podiam ser eleitas presidentes). “O entretenimento é a supra-ideologia de todo discurso na televisão”, observou Postman. “Não importa o que se retrate ou a partir de que ponto de vista, a pressuposição dominante é... nossa diversão e prazer.” Aproximadamente metade da vida desperta do americano médio gira em torno do entretenimento, com adultos americanos passando mais de vinte horas por semana assistindo à programação televisiva. “Um telejornal, para falar com clareza,” acrescentou Postman, “é um formato de entretenimento, não de educação, reflexão ou catarse.”
Isso significa que os americanos, de fato, têm se divertido até a morte. Como tudo continuou nesse rumo nos últimos quarenta anos, a situação só piora. As pessoas leem menos do que nunca, perdendo o desejo de pensar seriamente. Com a televisão, tudo se torna mais corrosivamente jornalístico. O momento imediato é enfatizado à custa do contexto. A história desaparece por trás da contemporaneidade. E agora temos tomadores de decisão sem senso de tempo ou lugar. Que tipo de sabedoria, então, poderiam possuir nossos líderes, se não têm real conhecimento da história nem contexto para suas decisões? Erro após erro se seguirá. Milhões podem morrer.
Postman sugere que já não sabemos como soam os líderes sábios. A televisão nos condicionou a algo diferente. Segundo Postman, “a percepção da veracidade de uma notícia depende fortemente da aceitabilidade do apresentador.” A televisão, portanto, “oferece uma nova... definição da verdade: A credibilidade do narrador é o teste final da veracidade de uma proposição. ‘Credibilidade’ aqui não se refere ao histórico do narrador em fazer afirmações que resistiram aos rigores da verificação com a realidade. Refere-se apenas à impressão de sinceridade, autenticidade, vulnerabilidade ou atratividade... por parte do ator/jornalista.”
Claro, há pessoas nos Estados Unidos que leem livros. Estas são chamadas de “intelectuais.” Talvez devêssemos considerá-las os líderes da sociedade. Talvez, apesar de tudo, a intelligentsia ainda esteja nos guiando rumo à terra prometida.
Em 2009, Thomas Sowell publicou um livro intitulado Intellectuals and Society (Os intelectuais e a sociedade). Nele, afirmou que a intelligentsia americana oferece muitas conclusões sem argumentos reais. Em outras palavras, não são muito melhores do que a maioria viciada em televisão. Quando examinados de perto, os intelectuais públicos repetem incessantemente suas conclusões (sobre fronteiras abertas, racismo e gênero). Como chegam a essas opiniões nunca é plenamente explicado. “Os intelectuais não possuem simplesmente uma série de opiniões isoladas sobre diversos assuntos,” escreveu Sowell. “Por trás dessas opiniões geralmente há alguma concepção coerente e abrangente do mundo, uma visão social.” Segundo Sowell, todas as visões sociais começam com “alguma espécie de intuição”, que poderia ser apresentada como teoria para fins de teste. Mas o teste jamais é, de fato, realizado. Se a política social é um teste, as ideias dos intelectuais americanos falharam repetidamente.
O economista Joseph Schumpeter chamou a visão dos intelectuais de um “ato cognitivo pré-analítico”. A maioria dos intelectuais nos Estados Unidos pertence à “Nova Religião” (do socialismo). O filósofo político Eric Voegelin caracterizou essa nova religião como “especulação gnóstica.”
Segundo Sowell, “No cerne da visão social prevalente entre os intelectuais contemporâneos está a crença de que há ‘problemas’ criados pelas instituições existentes e que ‘soluções’ para esses problemas podem ser excogitadas pelos intelectuais.” Assim, conclui Sowell, a elite americana vê a si mesma como uma “elite ungida... com uma missão de conduzir os outros, de uma forma ou de outra, a vidas melhores.”
Essa elite é justa, nobre e correta? Sowell aponta para Tucídides, historiador grego da Antiguidade, que disse que a humanidade “escapou ao caos e à barbárie preservando com dificuldade uma fina camada de civilização” baseada na “moderação e prudência” que emanam da experiência. Essa é a visão que Sowell chama de clássica ou “visão trágica” da condição humana. Os homens mais sábios aderiram a essa visão, enquanto os intelectuais americanos acreditam poder superar as circunstâncias trágicas da humanidade. Aqui, a tragédia da história adquire um elemento cômico.
Sowell sugeriu que a intelligentsia americana, com poucas exceções, é composta por pessoas que não obtêm nenhuma vantagem real de sua alfabetização. No conjunto, a intelligentsia americana não é reflexiva nem séria (porque jamais prestou atenção a historiadores como Tucídides). Portanto, quer estejamos voltando nosso olhar para a elite ungida de nossas universidades e do Partido Democrata, quer para os populistas telespectadores do Partido Republicano MAGA, não encontramos motivos para acreditar que os Estados Unidos sejam uma nação séria ou reflexiva.

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