O Suicídio dos Liberais (Jeffrey Nyquist - 17 de outubro de 2024)
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O Suicídio dos Liberais (Jeffrey Nyquist - 17 de outubro de 2024)
“Existe uma política liberal de comércio, igreja e educação, mas absolutamente nenhuma política liberal, apenas uma crítica liberal da política. A teoria sistemática do liberalismo diz respeito quase exclusivamente à luta interna contra o poder do Estado.”
— Carl Schmitt
Com Rússia e China fortalecendo seus laços militares, com a Coreia do Norte explodindo pontes e trilhos que levam à Coreia do Sul, com ameaças de uma quarentena comunista (ou bloqueio brando) contra Taiwan, vemos que o Ocidente está sob pressão militar de uma coalizão global de potências marxista-leninistas. E quem ousa falar sobre isso? Ninguém quer admitir que estamos sendo encurralados, passo a passo, por comunistas. Não ouvimos nenhum grito de guerra vindo de nossos líderes. Alguns falarão contra a Rússia, outros contra a China, outros ainda mencionarão algo que chamam de “marxismo americano”, mas dificilmente alguém junta todas as peças. Estamos enfrentando uma coalizão de países que têm, à sua disposição, uma vasta quinta-coluna dentro dos Estados Unidos.
Aqui, diante de mim, está o livro de Trevor Loudon, Stealth: Kamala Harris’s Communist Roots (Subversão: As Raízes Comunistas de Kamala Harris). Muitos dos detalhes são revoltantes. A candidata democrata à presidência esteve próxima de comunistas durante toda a sua vida. Ela tem sido uma colaboradora do movimento comunista. Já é vice-presidente dos Estados Unidos, buscando tornar-se presidente. O fato de a Rússia ainda ser governada por comunistas nem tão disfarçados (como Vladimir Putin), torna Harris ainda mais perigosa; pois ela finge enganosamente se opor a Moscou quando sua ideologia se alinha ao antigo bloco comunista.
No plano internacional, a situação vai de mal a pior. O presidente russo Vladimir Putin está ameaçando o Ocidente com guerra nuclear. Claro, Tucker Carlson acha que Putin foi mal compreendido. Pergunto-me o que há para se mal compreender na brutalidade de alguém que ameaça com aniquilação nuclear por você tentar impedir mais um genocídio ucraniano. Tucker Carlson sugere, naturalmente, que a culpa não é de Putin. Segundo Carlson, a culpa é da CIA. Vergonha para os Estados Unidos e seus espiões. Como o rufar de um tambor, o tema constante e persistente é a maldade e estupidez da América. Muitos à esquerda culpam a América por racismo, aquecimento global e exploração do Terceiro Mundo. Muitos à direita acham que a América merece ser destruída, que a América provocou a Rússia. Por trás desse modo de pensar, encontramos grandes teorias da conspiração envolvendo “judeus” ou “globalistas” ou “banqueiros”.
O problema com a teoria da conspiração é a parte da teoria. Especulações vazias são usadas como formato para promover grotesca desinformação. O público-alvo é excitado, desorientado e desmoralizado por “provas” de uma conspiração da elite para explorar e empobrecer as massas. Eis o formato ideal para subverter a sociedade. Enquanto isso, o movimento comunista avança em casa e no exterior. Só que ninguém percebe. Todos procuram em outro lugar os vilões responsáveis. Especulações são empilhadas sobre especulações enquanto pontos são mal conectados. Uma pena para os milhões que estão confusos; pois a conspiração comunista não é uma questão de especulação. É um fato histórico, e foi delineado por Vladimir Lenin em uma obra intitulada O Que Fazer? Lenin esboçou seu plano para um movimento socialista conspiratório. E tomou o poder na Rússia com esse movimento em 1917.
Hoje vemos vários países liderados por comunistas sendo ajudados por Moscou. Recentemente, vimos o ditador comunista da Nicarágua atacar verbalmente o presidente da Ucrânia, chamando-o de “nazista”. O presidente Daniel Ortega, da Nicarágua, favorece a Rússia porque sabe que a Rússia ainda é governada por comunistas. É o dever internacional de Ortega, como camarada, apoiar Vladimir Putin. Também é dever internacional da Coreia do Norte comunista enviar tropas para a frente de batalha na Ucrânia. E é por isso que a China comunista também ajuda a Rússia. No entanto, o Ocidente não percebeu o aspecto comunista da guerra na Europa. Não ousamos sequer começar a falar sobre isso, pois inevitavelmente isso levaria a perguntas sobre comunistas em Washington, Londres, Paris e Berlim.
A verdade da situação precisa ser dita. O bloco comunista foi reativado. Na verdade, os comunistas sempre estiveram entre nós, mascarados por poses pseudo-democráticas e reformas de mercado livre. De acordo com desertores comunistas, o campo socialista vem seguindo um plano de longo prazo. É um plano sobre o qual o Ocidente sabe quase nada. Claro que podemos ver que a América está sendo subvertida. No entanto, somos impedidos de concluir que os comunistas são os instigadores. Foi incutido em nosso pensamento que Reagan derrotou o comunismo. Enquanto isso, teóricos da conspiração nos distraem com referências aos Illuminati da Baviera, a répteis metamorfos ou ao Bohemian Grove. É melhor acreditar em algo completamente insano do que admitir que os comunistas nos enganaram em 1991.
Eis uma ideia: liberais não gostam de admitir que têm inimigos — a não ser que esses inimigos sejam fictícios. Fale sobre inimigos reais, e os liberais ficam assustados. Segundo Carl Schmitt, a verdadeira política liberal nega a distinção entre amigo e inimigo. Se você imagina um inimigo, os liberais dirão que você é paranoico. No entanto, não há como escapar se a primeira pergunta da política for: quem são seus inimigos e quem são seus amigos? Liberais não querem responder a essa pergunta. Preferem usar o dinheiro para converter inimigos em parceiros. “Podemos enriquecer juntos por meio do comércio”, dizem os liberais. “Podemos viver em paz.” Há alguma verdade nisso, mas é uma verdade parcial. Os liberais imaginam que estão jogando um jogo de soma positiva, e não um jogo de soma zero. O líder do Partido Comunista Chinês, Mao Tsé-Tung, certa vez perguntou: “Por que costurar os bolsos do empresário?” Em outras palavras, deixe os empresários liberais enriquecerem enquanto o comunismo adquire mais poder. Essa tem sido a política da China nos últimos trinta anos.
O liberal se vê como iluminado. É a favor da paz e da prosperidade. Espera transformar o mundo em um imenso shopping center. Essa tendência não é uma conspiração. É parte do pensamento de soma positiva do capitalista. Estrategistas comunistas, começando com Mao Tsé-Tung, entendem tudo isso. Compreenderam, melhor do que ninguém, que empresários liberais acreditam na primazia da economia — o que se resume a uma negação da política. Liberais acreditam no dinheiro antes das armas. Comunistas acreditam nas armas antes do dinheiro. O poder político, disse Mao, baseia-se nas armas.
Aqui podemos ver, em termos conceituais, o problema que confronta a sociedade ocidental. Nosso sistema evoluiu para um Estado assistencialista burocrático/plutocrático, onde preocupações econômicas passaram a eclipsar preocupações políticas, onde o Estado serve aos interesses econômicos antes dos interesses de defesa nacional. A classe política americana está amplamente focada em benefícios econômicos, redistribuição de riqueza e crescimento econômico. Em efeito, tal sistema constitui um niilismo político que inevitavelmente prejudica a sociedade que supõe ser por ele governada e defendida. Como sistema, está se degenerando em um conjunto perverso de estruturas parasitárias. Está cada vez menos apto a se defender contra inimigos internos e externos.
A recusa do capitalismo liberal em reconhecer inimigos ajuda a explicar por que os Estados Unidos abriram suas fronteiras para gangues criminosas, terroristas e outros auxiliares inimigos. Explica por que permitimos que nosso arsenal nuclear apodrecesse. Explica por que fortalecemos nossos inimigos investindo neles. O campo socialista aprendeu a tirar proveito de nosso foco econômico liberal. Como não conseguimos distinguir amigos de inimigos, o capitalismo liberal permitiu que socialistas iliberais assumissem o controle de seus sistemas educacionais, das grandes corporações, dos bancos, do sistema de saúde. Enquanto empresários liberais tradicionalmente trabalhavam para manter o governo fora de seus negócios, empresários socialistas são menos inibidos e mais fortalecidos por um governo grande. Bilhões podem ser roubados por empresários socialistas que trabalham com agências estaduais e federais. A mesma situação ocorre na China comunista e na antiga União Soviética, onde os oligarcas começaram suas carreiras como criaturas secretas do aparato estatal de segurança.
Nota lateral: Desde a época de Edmund Burke, o conservadorismo tem sido uma espécie de liberalismo que respeita a tradição (isto é, especialmente o cristianismo e a família). Conservadores, como os liberais clássicos, preferem um governo pequeno (isto é, um governo limitado). Ao contrário dos liberais e conservadores, são os socialistas que se apropriaram do rótulo liberal enquanto expandem o governo. Hoje em dia, todos confundem liberais com socialistas. Isso se deve ao nosso hábito atual de abusar da linguagem. É verdade, claro, que socialistas e liberais têm certos objetivos em comum. Ambos esperam unir a humanidade sob um superestado global no qual as nações não mais existam e as guerras sejam coisa do passado. Em seu livro O Conceito do Político, Schmitt argumenta que não existe tal coisa como uma “comunidade mundial” ou uma “nação mundial”. Um governo mundial não é possível porque é uma contradição em termos. Aqueles que acreditam na possibilidade de paz e fraternidade universais são cabeças-ocas cujo projeto trará uma guerra de todos contra todos; pois tudo que é construído sobre um mal-entendido está fadado ao fracasso. É neste ponto que vemos, com mais clareza, por que o socialismo e o liberalismo são ideologias da desorganização e da dissolução. A estrutura da sociedade moderna, já complexa e problemática, está sendo cada vez mais desordenada pelos princípios socialistas e liberais.
Ao tentar construir um governo mundial, seja liberal ou socialista, percebemos que a nação é intencionalmente minada. No entanto, o Estado-nação é o tipo mais viável de Estado para a era atual. Tem sido um veículo de progresso, liberdade e esclarecimento. Além disso, uma nação que espera manter a unidade deve insistir na assimilação de elementos alienígenas. Contrariamente ao liberalismo e ao socialismo, uma nação que espera manter a ordem deve ter um sistema de autoridade apropriado, fundamentado em sabedoria e bondade.
Encontramos esse sistema na Rússia ou na China? Ou encontramos algo melhor no Ocidente? E, no entanto, as qualidades morais do Ocidente são desacreditadas. Os europeus são levados a se sentirem culpados. De fato, a América é acusada pelos socialistas como sendo “a inimiga da humanidade”. Por que a América é rica e poderosa? O socialista diz que os americanos vêm roubando os povos do Terceiro Mundo. A destruição da América, portanto, é o único caminho para libertar o mundo das correntes do capitalismo. É para aí que o socialismo está caminhando, e é, no fim das contas, genocida. Dizer a bilhões de pessoas ao redor do mundo que os americanos os roubaram não é apenas um incitamento à guerra. É um incitamento à guerra genocida. Os americanos parecem não perceber esse incitamento. Pensam em seu país como invencível. Contudo, na história, não há países invencíveis. Com transporte aéreo e marítimo moderno, a América pode ser invadida com surpreendente rapidez. Com foguetes nucleares, as defesas dos EUA podem ser pulverizadas em meia hora. Com armas biológicas, os EUA podem ser colocados de joelhos.
Nosso liberalismo não nos permite reconhecer nada disso. Certamente deve haver um modo de preservar nossas instituições livres enquanto recuperamos nosso Estado. De fato, precisamos de um governo federal que nos defenda. Precisamos de líderes que saibam distinguir amigos de inimigos, que enfrentem a Rússia e a China. E, acima de tudo, precisamos de alguém que confronte a subversão comunista em casa.
Estaríamos esperando demais?
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