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Globalismo branco e globalismo vermelho: reformulações no discurso neocomunista após o debate Dugin vs Olavo

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Veröffentlicht auf 26 Jul 2025 / Im Andere

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Alexandre Dugin, Olavo de Carvalho. Os EUA e a Nova Ordem Mundial.

1. "Os Estados Unidos são uma absoluta praga para a humanidade", disse Aleksandr Dugin.
2. Olavo de Carvalho aponta a existência de um movimento patriótico contrário às agendas internacionais da elite financeira dos EUA. O capitalismo globalista é metacapitalismo, é antiliberal e promove modelos socialistas. Isso em 2011.
3. Dugin desconsidera essa força nacional que há nos EUA e fecha o cenário em uma frente total antiamericana.
4. Em 2016, a candidatura de Donald Trump representa o homem dos Estados Unidos desejoso de reafirmar a sua soberania, Dugin percebe oportunidade para dialogar com esse nicho de maneira a que ele se volte contra os metacapitalista e isso evolua em um conflito interno.
5. Ele reajusta o discurso e passa a incorporar em sua agenda ideológica essa força nacional norte-americana, o que negava anos atrás. Daí surgem os diretistas pró-comunismo e pró-KGB que enxergam em Putin uma espécie de figura simpática que combate o globalismo. A propaganda perfeita.



Globalismo branco e globalismo vermelho: reformulações no discurso neocomunista após debate Dugin vs Olavo
Embora o duelo de cartas realizado por volta de 2011 componha mais de duzentas páginas, existem alguns pontos gerais que podem ser sintetizados, dentre os quais a especificação por parte de Carvalho sobre quais são os agentes históricos, os esquemas de poder e os blocos que os representam na atualidade do século XXI.
Em primeiro lugar, discute-se sobre quem tem capacidade para executar a ação histórica. É delineado um rol, no qual constam: as Grandes religiões universais, Iniciações esotéricas – grupos esotéricos; Dinastias; Movimentos ideológicos e partidos; e Agentes espirituais (Deus, anjos e demônios).
Numa segunda etapa, o estudioso passa a analisar sob quais fundamentos essas forças atuam. Podem ser amparar numa base de poder econômico, político-militar ou ideológico-espiritual.
Por fim, nesta etapa em que nos encontramos, quais são os blocos existentes e suas respectivas bases? São identificados três, sendo possível destacar em primeiro momento a esfera de influência dos metacapitalistas (aqueles que controlam a rede financeira ocidental e o complexo de ONGs e burocratas comprados); outra composta pelo bloco que envolve Rússia, China e seus puxadinhos (como os BRICS e países de mesmo espírito revolucionário, explícita ou implicitamente comunista); e, por último, a atuação da irmandade muçulmana (países e movimentos comprometidos em espalhar a influência islâmica, seja por meios legais ou ilícitos, pacíficos ou violentos).
Os analistas geopolíticos da mídia mainstream costumam recorrer à imagem de Estados ou governos para descrever ações no tabuleiro global. São sempre expressões como "O governo faz isso", "o governo faz aquilo"; "os Estados Unidos agiram assim", "os Estados Unidos agiram assado". A ideia do governo como uma entidade abstrata, que age por si mesma e até se comporta de maneira uniforme perante os demais governos, é uma constante, é como se as nações estivessem realmente zelando por seus próprios interesses, ainda que as camarilhas governamentais não tenham qualquer compromisso com o patriotismo de seus povos. Colocada a questão nesses termos, é como se tais governos agissem de modo independente da psicologia dos núcleos políticos que dominam a máquina estatal, aquele conjunto de pessoas de carne e osso, com ideologias e modos de agir próprios.
Isso não quer dizer, necessariamente, que é errado se referir aos Estados, eu mesmo me referirei à China, à Rússia e ao Brasil, o que precisa ser levado em conta é que, por trás da menção a tais entidades, sabe-se que há grupos específicos que executam as ações desejadas e direcionam a atividade governamental. Feita essa consideração, o uso metonímico fica preservado.
Ocorre que, ao menos no debate travado em 2011, Dugin fundia o interesse das elites financeiras com o do País denominado Estados Unidos da América. Para ele, o predomínio dessas elites no cenário geopolítico seria também a hegemonia norte-americana em todo o globo.
No debate, Dugin encara o capitalismo norte-americano como extensão da ação dos Estados Unidos sobre o mundo, as intervenções dos capitalistas sobre as outras nações são consideradas como medidas tomadas com vistas a resguardar o interesse dos EUA, não é feita a devida separação entre o plano próprio dessa oligarquia e a atuação dos EUA enquanto estado-nação. Quem levanta esse ponto é Olavo, que diz que essa oligarquia, que ele se refere como Syndicate (ou Corporation), pegando de empréstimo a expressão de Nicholas Hagger, atua mesmo contra o seu próprio País para fazer prevalecer a sua agenda internacional.
Sobre o globalismo, Olavo de Carvalho assevera que “Os EUA não são o centro de comando do projeto globalista, mas, ao contrário, sua vítima prioritária, marcada para morrer” .
Quem observar os acontecimentos pós-2020, com Joe Biden atuando para enfraquecer o próprio País, pode ter certeza de quão acertada é essa afirmação. Desde a retirada do Afeganistão, deixando para trás equipamentos militares de tecnologia desconhecida pelos inimigos que, após isso, tiveram oportunidade de estudá-los e submetê-los a engenharia reversa, até as tratativas entre Estados Unidos e Rússia antes da invasão na Ucrânia, em que Biden, transgredindo a confiança nele depositada pelos outros países da OTAN, alimentou em Vladimir Putin a confiança de que poderia invadir certas regiões do leste ucraniano como Donetsk e Lugansk sem uma firme intervenção das potências euroamericanas. Poderíamos ainda citar o esgotamento das reservas nacionais de combustível dos EUA e a sabotagem diplomática feita nos países árabes, com Joe Biden criando incidentes com a Arábia Saudita e Israel.
Prossegue Carvalho, dissertando que “A elite globalista não é inimiga da Rússia, da China ou dos países islâmicos virtualmente associados ao projeto eurasiano, mas, ao contrário, sua colaboradora e cúmplice no empenho de destruir a soberania, o poderio político-militar e a economia dos EUA”. “Longe de favorecer o capitalismo de livre-empresa, o projeto globalista tem dado mão forte a políticas estatistas e controladoras por toda a parte, não diferindo, nisso, do intervencionismo propugnado pelos eurasianos. O globalismo só é ‘liberal’ no sentido local que o termo tem nos EUA como sinônimo de ‘esquerdista’. O projeto globalista é herdeiro direto e continuador do socialismo Fabiano, tradicional aliado dos comunistas. A própria ideologia popperiana não é liberal-capitalista, no sentido do liberalismo clássico, mas, antes de tudo, ‘uma abordagem experimental da engenharia social’ .
Nos Estados Unidos, há um esforço conjugado para solapar a tradição constitucional e o desígnio que os Pais Fundadores tinham para o projeto nacional, os globalistas travam guerra contra essas duas coisas. Portanto, existe uma subdivisão dentro do território norte-americano entre uma corrente patriótica e outra comprometida com o esquema global, firmemente antiamericana.
Confrontado com tais afirmações, Dugin negava peremptoriamente essa diferenciação, com perplexidade ele chega mesmo a se questionar o que isso poderia significar. Nas palavras dele, “a globalização do mundo e a instalação em todos os cantos do controle americano, incluindo a intrusão direta em países nominalmente soberanos, a promoção do modo americano de vida e a uniformização das diferentes sociedades humanas, realizada pelos EUA, é considerada pelo professor como nada, sendo ignorada e esquecida. (...) Os EUA são uma praga absoluta para a humanidade. E a elite globalista é a quintessência dos EUA; ela domina os EUA e através dele o resto do mundo” (P. 69).
Essa foi sua posição na época. Contudo, recalculando seu discurso de ideólogo e estrategista geopolítico de acordo com novas necessidades, Dugin passou a concordar, ainda que implicitamente, com Olavo de Carvalho quanto à existência de um espírito nacional norte-americano distinto e em constante tensão com o projeto político capitaneado pelo estamento liberal-globalista.
Isso lhe abriu uma brecha para que formulasse uma nova interpretação geopolítica, levando em consideração essa revolta interna e aproveitando essa energia de maneira a aproximar o público de direita dos interesses russos. Ele se valeu de uma fórmula interpretativa segundo a qual um dos projetos globais é afirmado, ao passo que os demais são negados ou ofuscados, uma reciclagem do próprio discurso com base nos três esquemas fornecidos por seu interlocutor.
O que Aleksandr Dugin faz, a partir dessas observações, é passar a aceitar essa diferenciação entre patriotas norte-americanos (ou estadunidenses, se você considerar essa palavra agradável) e os denominados globalistas, que dominam suas instituições dos Estados Unidos. Ele percebeu essa cisão no cenário americano e começou a explorá-la, enfatizando um conflito interno entre essas duas forças, a ponto de chegar a clamar por uma nova guerra civil americana. É claro então que perceber a diferença entre interesses nacionais dos Estados Unidos, de um lado, e metacapitalistas, de outro, rendeu uma nova cartada para estratégia política de Dugin, o qual se viu na posição de manipular o movimento direitista, no sentido que este se direcionasse prioritariamente contra o esquema global metacapitalista e, por tabela, ao lado dos comunistas do esquema global russo-chinês.
Em termos marxistas, trata-se de explorar as contradições internas de um país, recomendação exarada pelo próprio Foro de São Paulo em sua estratégia contra os Estados Unidos da América.
Em linhas gerais, o estrategista russo dos neocomunistas aprendeu a trabalhar com a imagem que as dinastias financeiras e seus aliados (Rockefeller, Rothschild, Clube Bilderberg, George Soros, Partido Democrata etc.) passaram a ocupar na psicologia das massas politizadas. A partir disso, procurou canalizar o sentimento de oposição ao globalismo para um novo foco de resistência. Essa nova resistência se apresenta com feições aparentemente nacionalistas e soberanistas, antiglobalistas, mas preserva uma natureza progressista, pois, afinal de contas, o duginismo é também antinacionalismo .
A estratégia comunista aplicada contra a direita tem sido justamente a de fomentar a sensação de que a ameaça vermelha desapareceu, transferindo o foco das atenções para o globalismo das elites financeiras euro-americanas. Com isso, os regimes socialistas passam a ser retratados como forças insurgentes de defesa das soberanias nacionais e as fachadas nacionalistas do socialismo internacional passam a ser interpretadas como nacionalismos autênticos, compondo um eixo antiamericano, contrário à denominada “ordem unipolar” e promotor de uma “nova ordem multipolar”.
A multipolaridade se transforma numa palavra-chave para designar o conceito de democracia entre as nações. Não obstante, o mundo multipolar proposto é tão democrático quanto os regimes socialistas que se autodenominam democráticos. A palavra já nasce corrompida, como é próprio das tradições revolucionárias.
O método atua em duas chaves: por um lado, a ocultação e reconfiguração do comunismo; por outro, o enfoque exclusivo no metacapitalismo como ameaça às nações. É conveniente para os neocomunistas enfatizar o papel dos metacapitalistas, porque isso constitui um reforço disfarçado ao discurso leninista. Nessa moldura interpretativa, o mundo estaria dominado por uma oligarquia de banqueiros e magnatas, o que, para os marxistas, confirmaria a tendência monopolista do capitalismo e o agravamento inevitável da luta de classes. A alta concentração de capital levaria o conflito ao seu ápice, tornando possível tomar de assalto os centros de poder burguês e instaurar uma nova ordem econômica pós-capitalista.
A reação ao globalismo, nesse sentido, seria uma forma de anticapitalismo. O combate ao liberalismo é apresentado como a resistência espiritual e tradicional contra o monetarismo, servo de Mammon. Muitos aderem ao discurso comunista por vias indiretas, porque a rede de propaganda lhe confere um aspecto proteiforme, pois consegue se adaptar às convicções do público alvo.
Quanto às graves distorções, consistentes em atribuir aos grupos orientais o papel de guardiões da tradição e da pureza antiliberal, Olavo de Carvalho, tanto no debate quanto em artigos de seus alunos, oferece respostas esclarecedoras. Um olhar mais acurado revelará que, por trás do apelo místico eurasiano, há uma tradição esotérica anticristã que, em última instância, busca restaurar práticas pagãs entre os povos contemporâneos, exatamente o que os próprios globalistas promovem, por também serem antiocidentais.
O verdadeiro conflito, portanto, não se dá entre Oriente e Ocidente, mas entre duas forças igualmente empenhadas em destruir os fundamentos da cultura ocidental. Não se pode ignorar, aliás, que Aleksandr Dugin endossa a ideologia de gênero, um dos suprassumos da pseudociência moderna. De fato, ele afirma que “gênero é uma construção social” e que, quanto aos sexos, “as pessoas podem escolher”.
O uso da palavra “Ocidente” como um todo unificado, similar a uma entidade, reflete uma simplificação propagandística que ignora as particularidades de cada uma das nações, que passam a ser jogadas nesse termo totalizante, transformado em alvo. Se logo no início a simplificação em torno dos Estados foi objeto de crítica, com maior razão deve ser criticado o termo que pretende enquadrar como agente um hemisfério inteiro, as convicções dos neocomunistas eurasianos partem de um fundo esotérico segundo o qual conceitos geopolíticos incorporam-se em vocações continentais. Povos vocacionados ao mar, atlantistas (como as talassocracias da antiguidade), e outros vocacionados a ao domínio de grandes massas territoriais.
Portugal insere-se na tradição marítima e, por tabela, estaríamos condenados ao bloco “atlantista”, na linha do que declama o poeta:

“Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu”.

A hostilidade de Dugin é contra o Ocidente como um todo e, portanto, é também anti-Brasil, porque o nosso País encontra-se inserido nesse bloco ocidental, ele atacará justamente as bases europeias que formaram a nação. Quando nos deparamos com a palavra Ocidente, devemos compreender que, na verdade, refere-se ao conjunto de nações nele existentes. Os neocomunistas estão contra o Ocidente, leia-se: os neocomunistas estão contra todas as nações que extraem o seu DNA da cultura ocidental. Os comunistas procuram articular as partes contra o todo.
Esse impulso destrutivo contra as nações que dificultam o avanço russo-chinês encontra adeptos em movimentos fomentados pelo próprio ideólogo. Embora se apresentem com uma estética e linguagem nacionalistas, esses movimentos acabam por se trair, revelando sua real natureza revolucionária de viés internacionalista. O eurasianismo é, estruturalmente, um socialismo internacional, porém reformulado para ludibriar os patriotas dos países onde tenta se infiltrar.
Por isso mesmo, uma constante nesses movimentos pseudonacionalistas é a proximidade com os regimes da Rússia e da China, por vezes, até literal: há pessoas que visitaram a Rússia, receberam treinamento ou instrução de porta-vozes da ideologia eurasiana,uma espécie de neobolchevismo repaginado, a fim de replicar seus ensinamentos em seus países de origem, exatamente como a União Soviética fazia com seus cursos de formação de quadros e lideranças, a exemplo do que ocorria com a Universidade Patrice Lumumba, também chamada de “Universidade Russa da Amizade dos Povos”.
Sobre o nacionalismo, o professor Aleksandr não tem palavras simpáticas, ao contrário, ele diz que “o nacionalismo - é um produto da modernidade. Exatamente como o resto da teoria política da modernidade - liberalismo e comunismo. Baseia-se na negação do espírito da Idade Média e na recusa das tradições do Império e de Cristo. É burguês nas suas raízes e na sua essência. Pode ser um pouco melhor do que o liberalismo e o comunismo (que destroem explicitamente a identidade do povo e da religião), mas o nacionalismo está infectado com o mesmo veneno - secularismo, racionalismo, ateísmo. É outra versão de Westoxication (Occidentosis) --Gharbzadegi da pessoa filósofo Heideggeriano Ahmad Fardid chamou-a”. (...) “Portanto, o colapso dos Liberais, temos de o utilizar para fins próprios e não devemos cair na armadilha do nacionalismo. Ouçam o lixo comunista não adianta nada. Por isso, é necessário focar-se na Quarta Teoria Política” .
A elite da quarta teoria política não pode ser nacionalista, mas imperial. “Esta elite da Quarta Via irá colidir com demagogos e "líderes" histéricos que uma onda de novo nacionalismo inevitavelmente trará para a frente como a espuma na superfície do mar fermentado. E a batalha começa agora. Seria melhor que o monstro neonacionalista fosse estrangulado no berço. Mas vai aparecer” .
As manifestações de Dugin frequentemente são convocações de militância contra o liberalismo e contra alvos metacapitalistas, que ele denomina de globalistas. A tônica de suas palavras revela que, entrelaçados à estrutura ideológica, encontram-se slogans de guerra e manifestos que conclamam aquilo que ele chama de Ocidente a travar uma cruzada contra si próprio, seus ouvintes e leitores devem cerrar os próprios galhos que os amparam.
Seus minions seguem esse padrão: denominam-se antiglobalistas sem revelar aos demais que estão, eles próprios, comprometidos com um projeto global. Grupos como a Nova Resistência, uma organização socialista internacional com fachada nacionalista, representam uma amostra do que os eurasianos já disseminaram em outras nações, especialmente na direita europeia.
Cumpre-se aqui um propósito específico e nada inocente: a substituição de expressões e a reformulação do conceito de globalismo serve como o melhor estratagema para reduzir a percepção da ameaça representada pela nomenklatura russa pós-soviética e pelo Partido Comunista Chinês, em contraste com o Golias metacapitalista, identificado como o leviatã das nações. É por isso que o ideólogo afirma que uma vitória da Rússia seria uma vitória para o mundo inteiro, porque os inimigos seriam os mesmos.
O discurso inteiro é construído para atrair simpatias ao bloco russo-chinês, apresentado como alternativa ao mundo ameaçado pelo movimento globalista, como se os comunistas não tivessem assassinado em escala industrial ou esmagado a autodeterminação dos povos, que eles alegam defender.
Este é o jogo de dissimulação que se encontra em curso.
O fato de que todas as conspirações são explicadas como frutos de ações da CIA ou de capitalistas ocidentais é sintomático. O imaginário norte-americano foi moldado para conceber um país sequestrado, o que levou o público a ver com simpatia figuras que se apresentam como libertadores antiglobalistas, como Vladimir Putin e Xi Jinping. Essa é a tônica de comunicadores influentes, papagaios da KGB, como Alex Jones e Tucker Carlson.
Ganha corpo, também, a ideia de que esse estado de coisas pode ser desafiado por correntes políticas criminalizadas ao longo de décadas pelo estamento, o que leva à romantização de ídolos que, embora se apresentem como nacionalistas, são também socialistas. Como ensinava o preceito bolchevique, o surgimento do comunismo implica também o surgimento dos anticomunismos e Vladimir Lênin orientava que fossem os próprios comunistas a criar o anticomunismo. Vários dos nacionalismos tidos como radicais até mesmo pelos esquerdistas de hoje apresentam essa constante: são nacionalistas na forma, porém socialistas no conteúdo.
Fato é que esses radicalismos vêm acompanhados de uma aura subversiva. As acusações de nacional-socialismo fabricadas pela mídia são imediatamente seguidas da assunção dessa identidade por alguns grupos, na expectativa de que, assim fazendo, se estaria combatendo o modelo socialista de subversão promovido pela agenda woke, de raízes frankfurtianas e promotora do método da crítica radical da sociedade.
Ou seja, buscando enfrentar os focos corrosivos da sociedade, adota-se uma postura identitária, de fundo pagão, com culto ao homem greco-romano da Antiguidade. Resgata-se uma “tradição” que ninguém sabe exatamente o que é, mas que todos imaginam remeter a um ideal de sociedade estruturada, expurgada dos defeitos da era moderna. Chega-se até mesmo a enxertar um cristianismo primitivo, que pouco tem de cristão, ao lado da idealização pagã promovida pelo movimento völkisch, inspirador do nacional-socialismo.
A oposição ao que o ideólogo denomina liberalismo faz desaparecer o anticomunismo. Ele reconfigura os alvos dos movimentos conservadores da América e da Europa: nenhum deles será mais anticomunista. Estarão, antes, dispostos a se aliar ao fascismo, ao nacional-socialismo e ao próprio comunismo como meios para se livrarem da hegemonia liberal denunciada pela narrativa eurasiana. Basta lembrar como certos direitistas passaram a olhar o Partido da Causa Operária com bons olhos, quando este se apresentou com a roupagem da velha esquerda, contrária às ideologias de gênero e à subversão dos papéis sexuais.
Já no início do século XX, Felix Dzerzhinsky (chefe da Cheka) dizia que seus métodos de espionagem e infiltração iriam fazer feder o Ocidente. Essa façanha logrou provocar, nas populações sabotadas, mesmo sem serem comunistas, uma complacência com relação ao controle por facções socialistas, desde que estas as livrassem dos incômodos gerados pelas próprias ferramentas de subversão. Os delírios pós-modernos às vezes parecem ter sido colocados justamente para que fossem combatidos por movimentos de natureza igualmente revolucionária.
O estamento global se utiliza do bicho-papão nacional-socialista como pretexto para estigmatizar os nacionalismos, mesmo aqueles sem fundo racial. Desde o pós-guerra, houve crescente campanha que popularizou o ódio ao nacional-socialismo, ainda que as pessoas, embora conheçam seus atos, pouco saibam de suas raízes profundas. Também merece destaque a atitude malandra de, em vez de se falar "nacional-socialismo", utilizar-se da abreviatura “nazismo”, que oculta o componente socialista da expressão.
A defesa do nacional-socialismo em meios que se identificam como direitistas é algo problemático, pois existem elementos nessa ideologia que sempre farão pender essa massa para os regimes socialistas de discurso trocado. Nos momentos em que forem instados a apoiar um lado, estarão ao lado da Rússia e da China, que aqui simplifico pela expressão “neocomunista”, devido ao fator essencial de preservação da estrutura comunista ao longo das décadas, qualquer que seja o discurso em voga. No final das contas, os apologistas das correntes fascistas e nacional-socialistas terminam por servir de base de apoio ao próprio comunismo e à revolução. Não esperem que sejam verdadeiramente direitistas ou conservadores, pois quando eles brigam com os comunistas, na verdade estão brigando em família.
Esse ponto poderia ser aprofundado em outra oportunidade. O que se pretende aqui é apenas deixar claro que houve uma campanha de combate aos nacionalismos por meio do manuseio do espantalho nazista. Assim, esse manancial de filmes, seriados, livros e artigos formou uma cultura pop antinazista, tão rasa quanto vasta. Os efeitos disso são dois: tornou-se difícil para o homem comum identificar a verdadeira natureza do nacional-socialismo, mas as massas não ficaram privadas de usar o termo como etiqueta contra adversários políticos e acadêmicos.
O ódio ao nacional-socialismo tornou-se parte do politicamente correto. Isso será aproveitado pelos neofascismos para questionar os conservadores se o ódio ao comunismo também não poderia ser encarado como apenas mais uma forma de politicamente correto (como o próprio Dugin indaga). As mesmas tentativas revisionistas aplicadas a um deveriam então ser aplicadas ao outro. Assim como a figura de Adolf Hitler pode ser revisitada, buscando-se sanear defeitos e desmistificar as versões dos vencedores, esse mesmo método também poderia ser aplicado a Vladimir Lênin, Joseph Stálin e seus sucessores. O revisionismo de um pode despertar o revisionismo dos outros e, sob o rótulo de revisionismo, muitas vezes se esconde a falsificação pura e simples.
As pessoas passam a perceber essa atividade como uma forma nobre de romper os paradigmas impostos pela Nova Ordem Mundial inaugurada em 1945, com a fundação da ONU e o início da Guerra Fria. Após tanta imprecação por parte dos meios de comunicação e do meio acadêmico, a defesa dessas vertentes ideológicas passa a ser identificada como uma forma de combate ao politicamente correto. A transgressão do politicamente correto, que condena o fascismo e o nacional-socialismo, fornece a mesma base para a repaginação das percepções sobre o comunismo.
Vejam o mundo dominado por metacapitalistas exploradores dos povos: um convite para a sugestão de que “talvez Marx, Lenin e Stálin não estivessem tão errados assim.” As revoluções comunistas, afinal, o que teriam sido senão produtos dos próprios capitalistas? Sim, o fio do novelo tem origem no capital, o comunismo teria sido apenas uma “ferramenta” de uma elite que é, esta sim, o verdadeiro mal do mundo. Alguns chegam mesmo a identificar essa elite como uma conspiração judaica. O casamento entre anticapitalismo e antissemitismo une aquilo que, sem as lentes corretivas, parecia estar separado. Os neofascismos e o comunismo orientam-se no mesmo sentido quando se trata de política internacional, com a diferença de que os neofascismos estão na condição de instrumentos para a consecução dos objetivos dos “vermelhos”.
Para a esquerda, apresenta-se o discurso comunista clássico. Para a direita, o discurso comunista vem na forma do paradoxal nacionalismo de esquerda, o antiamericanismo terceiro-mundista que encontrou forma de expressão nos BRICS, no apoio a Cuba e Venezuela.
Armas da nova propaganda que vêm se tornando cada vez mais comuns:
1) O comunismo não existe mais ou o comunismo nunca existiu;
2) O Foro de São Paulo perdeu o protagonismo na região e foi absorvido pelos globalistas ocidentais;
3) As ações de domínio global são capitaneadas pelos Estados Unidos e suas elites capitalistas. A CIA tudo vê, a CIA tudo faz, etc...;
4) As nações que entram em choque com esse capital monopolista são forças heroicas da soberania, uma vitória delas é a vitória de todo o mundo que anseia por uma distribuição democrática de poder entre os povos.

Por isso, alguns acontecimentos da história têm sido explicados como originados pela CIA, quando elementos comprometedores envolvendo os soviéticos estão plenamente acessíveis e documentados por dissidentes da KGB. Por exemplo, o assassinato de John Kennedy é abordado no livro de Ion Mihai Pacepa, onde o leitor encontrará um roteiro detalhado sobre o envolvimento de Lee Harvey Oswald com contatos comunistas. A desinformação oferecida ao público norte-americano tenta levá-lo a teorias falsas, segundo as quais os próprios órgãos de inteligência, em conluio com a elite capitalista, teriam assassinado o presidente Kennedy. Esse padrão se repete: os desinformantes fabricam teorias para que os próprios norte-americanos fiquem girando em círculos, procurando culpados em conspirações internas (inside jobs), enquanto a rede de espionagem estrangeira passa despercebida em meio a essas histerias provocadas.
Voltando ao ideólogo: já em 2016, Aleksandr Dugin passou a manobrar com o termo globalismo e com a candidatura outsider representada por Donald Trump, que se apresentou com bandeiras tipicamente conservadoras, desafiando o conglomerado que se apoderara da Presidência dos EUA.
Naquela oportunidade, Dugin escreveu uma espécie de manifesto “contra o pântano”:

Preste atenção ao slogan da campanha da empresa Trump -- "Drain the Swamp" - "Drain the Swamp". Pântano, Pântano não é apenas uma metáfora. Agora que Trump vence, este é o conceito mais importante. O que o pântano quer dizer com Donald Trump? Para ele e para os seus apoiantes, o Pântano é o globalismo, o liberalismo, o domínio corporativo transnacional, a política externa agressiva - em resumo, tudo aquilo que normalmente chamamos de "hegemonia. " O fato de que o globalismo e a hegemonia se tornaram o principal vetor da política americana na segunda metade do século XX (embora pretendendo ser através da era Woodrow Wilson do início do século XX), tornou-se algo tão evidente que simplesmente equiparamos a América ao globalismo. Nós dissemos "América, EUA" e queríamos dizer "globalismo, hegemonia. " Nós dissemos "globalismo, hegemonia" e queríamos dizer "América. " E nós estávamos certos. E cada globalista era um agente de influência dos Estados Unidos e do Departamento de Estado, e cada agente de influência dos Estados Unidos e do Departamento de Estado era um globalista.
Mas agora o 45o Presidente dos Estados Unidos estava do lado oposto do globalismo e da hegemonia, chamando este fenômeno, esta tendência, esta ideologia de "O Pântano". Ao fazê-lo, ele deu um golpe esmagador no centro da hegemonia, até ao seu núcleo. Ele realizou uma ação conceitual fundamental - um gesto de paradigma, ele separou o pântano da América e até se opôs a eles. Portanto, o pântano, que deve ser drenado, tornou-se instantaneamente extraterritorial. O mesmo fenômeno não espacial que o terrorismo internacional. O Pântano é uma rede global de corrupção, liberalismo, ideologia sectária dos LGBT, sociedade civil e direitos humanos. Esta é a onipotência das corporações transnacionais e da autoproclamada "elite mundial" não eleita - especuladores, maníacos, pervertidos e outras minorias.
Então os EUA contra o pântano. A América é contra o globalismo. Isto significa que o pântano está por conta própria agora. E isso torna-o vulnerável. Todo país tem seu próprio pântano. E todos os países têm de drená-lo agora. Entretanto, a América - a América de Trump - está do nosso lado desta vez. Estão a drenar o seu pântano, os russos são deles, os europeus são deles. Todo país tem um povo e um pântano. E entre eles começa a última e decisiva batalha. O pântano pertence às elites e separatistas. Mas apesar de toda a sua minoria, apostam na juventude, que procuram transformar na sua espinha dorsal, na sua quinta coluna - através de engenhocas técnicas, educação, redes. Além disso, o Pântano controla o sistema financeiro mundial moderno. Quero dizer, ainda é um poder enorme. Mas já não tão grandioso e consolidado como antes da vitória de Trump. A vitória de Trump é o início da luta de libertação da América contra o pântano. E isto é um sinal para a revolução anti-Pântano em todos os países.
Olha que coincidência surpreendente: a revolta das multidões globalistas russofóbicas no Pântano em Moscou e o programa de drenagem do Pântano na própria América. E o mesmo Soros, que financiou e provocou a revolta contra o nosso Presidente e o seu percurso patriótico, que esteve por trás da Maidan e dos tumultos na praça Taksim organizados pelos gullenistas, para a tentativa de golpe na Turquia, está agora a sair da pele para derrubar os legalmente eleito presidente dos Estados Unidos. Anteriormente, hordas de ativistas dos direitos humanos estavam em fuga na Inglaterra, protestando contra a decisão democrática do Brexit.
Então estamos todos no mesmo barco agora - nações e governantes soberanos. E contra nós está o pântano. Holanda, Merkel, burocracia de Bruxelas, assim como liberais russos ou pró-ocidental sexta coluna - este é o pântano. Mas agora eles não estão apenas servindo os Estados Unidos. Agora eles só servem a sua ideia diabólica fanática. E eles já odeiam Trump tanto quanto Putin, Erdogan ou Orban.
E o principal pra nós agora é não perder tempo. Os globalistas já entenderam: agora têm um objetivo - esperar Trump. Drenar o Pântano é uma tarefa difícil, porque o Pântano vai resistir. E o principal cálculo do pântano é agora que não temos tempo suficiente. E eles, infelizmente, podem ter razão. Portanto, agora nós, apoiantes de Putin e Trump, inimigos do Pântano e Soros, precisamos agir rapidamente. Não temos tempo nenhum. A limpeza das redes e estruturas pântanos deve ser feita de forma radical e sem demora. Até agora Trump está conosco. O pântano espera sair do Trump. Nosso objetivo é ter um vale seco e fértil espalhado diante de nós depois de Trump, pronto para o cultivo de culturas saudáveis, espirituais, populares e tradicionais. E o pântano desapareceria para lugar nenhum. Para o abismo de onde veio.
Drenar o pântano é o mais russo possível slogans. Trump é a nossa oportunidade e vamos amaldiçoar-nos se não a aproveitarmos rapidamente .

Percebam como o ideólogo busca reforçar um erro e uma falsa imagem ao dizer o seguinte: Nós dissemos "América, EUA" e queríamos dizer "globalismo, hegemonia. " Nós dissemos "globalismo, hegemonia" e queríamos dizer "América. " E nós estávamos certos. E cada globalista era um agente de influência dos Estados Unidos e do Departamento de Estado, e cada agente de influência dos Estados Unidos e do Departamento de Estado era um globalista. Mas agora o 45º Presidente dos Estados Unidos estava do lado oposto do globalismo e da hegemonia, chamando este fenômeno, esta tendência, esta ideologia de "O Pântano".
É como se a distinção entre o patriotismo americano antiglobalista e o plano globalista em si só tivesse passado a existir com a eleição de Donald Trump, o que é evidentemente falso. O deep state constitui uma estrutura de poder paralela à política formal, que é engolida.
Como apontou Olavo, as forças reais estão na sociedade, sendo a política partidária a expressão última. Dugin afirma que o movimento antiestamento surgiu com a eleição de Trump, mas sabemos que ocorreu justamente o oposto. Primeiro, houve a formação de grupos nacionalistas e patrióticos interessados em debater e diagnosticar a situação, compondo uma massa de discussões robusta, que denunciava a ação de traidores e globalistas com agenda própria, hostil aos interesses dos Estados Unidos da América. Só após o surgimento dessa cultura nacional foi possível criar um ambiente favorável à insurgência de uma candidatura como a de Donald Trump, capaz de desafiar as forças dominantes naquele território. A cisão entre o pântano e o patriotismo sempre existiu, embora se mantivesse submersa à luta política pela tomada da máquina estatal.
Aquilo que Olavo descreve como a luta do povo contra o estamento burocrático, com base nas lições de Raymundo Faoro, também existiu e ainda existe nos Estados Unidos. A partir disso, Dugin passou a utilizar essa perspectiva analítica como forma de abrir um canal por meio do qual a direita norte-americana pudesse se identificar com a dissimulação conservadora do regime pós-soviético que, no entanto, conserva a mesma estrutura, estirpe e métodos de sempre. Era preciso colocar patriotas direitistas norte-americanos e stalinistas, comunistas e simpatizantes, todos eles do mesmo lado.
Já em 27 de fevereiro de 2022, comentando a guerra contra a Ucrânia, Dugin escreveu o seguinte em sua rede social:

Isto não é uma guerra com a Ucrânia. Este confronto com o globalismo como um fenômeno planetário inteiro. Confronto em todos os níveis - geopolítico e ideológico. A Rússia rejeita tudo sobre o globalismo - unipolaridade, Atlantismo, por um lado, e liberalismo, anti-tradição, tecnocracia, numa palavra, o Grande Reset. É claro que todos os líderes europeus fazem parte da elite liberal atlântica. E fomos para a guerra com ela. Daí a reação padrão deles. A Rússia está agora excluída das redes globalistas. Ela não tem mais escolha: construir o mundo dela ou desaparecer. A Rússia tomou o curso para construir o seu próprio mundo, a sua civilização. E agora o primeiro passo está sendo dado. Mas diante do globalismo, só um grande espaço, um estado continente, um estado civilizacional pode ser soberano. Nenhum país pode resistir a um encerramento completo por muito tempo. A Rússia está agora a criar um campo de resistência global. A vitória dela será a vitória de todas as forças alternativas - direita e esquerda e de todos os povos. Como sempre, começamos os processos mais difíceis e perigosos. Mas quando ganhamos, todo mundo aproveita. Era assim que se pretendia. Estamos agora a criar a premissa para a verdadeira multipolaridade. E aqueles que estão prontos para nos matar agora serão os primeiros a aproveitar o nosso feito amanhã. Quase sempre escrevo o que se torna realidade depois. E isto vai tornar-se realidade.

Se a situação se desenvolverá conforme os desejos de Aleksandr Dugin, isso é algo que pode ser debatido. O que não se pode discutir, por ser evidente, é que Rússia e China não se opõem a uma nova ordem mundial, ao contrário, pretendem instaurar uma ordem global que lhes seja favorável, temperada pelo slogan da multipolaridade, substituto da antiga “solidariedade dos povos”, cujo símbolo era Stálin, outrora exaltado como um dos “grandes filhos da humanidade”, embora os verdadeiros patriotas saibam que tipo de grande filho Stálin era. Essa tendência globalista dos vermelhos tem sido observada nos eventos envolvendo os BRICS , conglomerado de países emergentes que promete fornecer apoio recíproco às ditaduras e uma rede econômica que diminua os efeitos das sanções a elas direcionadas.
Durante uma viagem para a Turquia em 2023, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, sustentou que as negociações de paz com a Ucrânia deveriam ser feitas sob os princípios de uma nova ordem mundial . Em 2022, enquanto a guerra se desenvolvia no leste europeu, a China comunista manifestou o desejo de construir junto com a Rússia uma nova ordem mundial que tenha como vetores a justiça e a igualdade, atentando para o longo histórico de cooperação estratégica entre os dois países .
Dessa forma, é possível classificar esses dois esquemas mundiais em um globalismo branco (para designar as elites metacapitalistas, com o seu conglomerado de ONGs, políticos e governos inteiros cooptados) e outro denominado globalismo vermelho (de vertente marxista-leninista, maoísta, comprometido com os valores da revolução comunista internacional). Neste último é que se insere o eurasianismo, que embora tenha a pretensão de ser uma quarta teoria política, cumpre o papel de neocomunismo puro e simples.
Embora a finalidade de ambos os esquemas globais seja a mesma, eles possuem tradições e culturas distintas. No atual sistema de relações internacionais, o bloco russo-chinês sente-se em desvantagem e busca romper a hegemonia vigente apenas como meio de instaurar uma forma de mundialismo mais palatável aos seus interesses.
A dificuldade das discussões contemporâneas reside, basicamente, na incapacidade de visualizar os três projetos globais como simultâneos: na maioria das vezes concorrentes, em outras, colaboradores. Em geral, vê-se uma tendência a escolher um único esquema e negar os outros, como se o quadro completo fosse largo demais.
Por fim, os pontos atacados pelos comunistas recaem sobre dois pilares. O primeiro é a concepção de nação, patriotismo e identidade nacional. O segundo diz respeito à definição e compreensão do globalismo. Em suma, trata-se de saber quem somos, reconhecer os patriotismos autênticos, e quem são os nossos inimigos, quantos são e de que modo se apresentam. Como ensinava Sun Tzu: “Conhece a ti mesmo e conhece o inimigo, e não precisarás temer o resultado de cem batalhas.” Com atenção e boa-fé, é possível reduzir a dissimulação eurasiana a pó, poupando confusões causadas pela babel ideológica que desorienta compatriotas e correntes genuinamente antiglobalistas.

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