Desespero Especulativo, Engano Comunista e o Apocalipse Extraterrestre, Parte I (Jeffrey Nyquist - 23/03/2023)
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Desespero Especulativo, Engano Comunista e o Apocalipse Extraterrestre, Parte I (Jeffrey Nyquist – 23/03/2023)
Começo com a noção de algum outro mundo, do qual objetos e substâncias caíram sobre esta Terra; que tinha, ou que, em menor grau, tem um interesse tutelar nesta Terra; que agora está tentando se comunicar com esta Terra — modificando, por causa de dados que se acumularão mais adiante, para a aceitação de que algum outro mundo não está tentando, mas tem estado, por séculos, em comunicação com uma seita, talvez, ou uma sociedade secreta, ou certos esotéricos entre os habitantes desta Terra. — Charles Fort, 1919
Os Jinn não transcendem o espaço e o tempo, mas existem numa qualidade diferente de espaço e tempo da nossa... Mas é claro que eles podem fascinar e/ou aterrorizar com sua própria realidade multidimensional, a qual jamais poderemos tornar plenamente nossa nesta vida... [distraindo-nos] de nosso próprio relacionamento apropriado com o espaço-tempo, e, assim, das responsabilidades únicas e especificamente humanas que Deus nos concedeu como formas de conhecê-lo. — Charles Upton
O fenômeno dos OVNIs é um mistério. Existem livros brilhantes sobre o tema, como as obras do cientista Jacques Vallée; mas, após sessenta anos de minuciosa pesquisa, Vallée ainda não sabe o que os OVNIs são. É um assunto complexo — carregado de alegações de conspiração, teorias conspiratórias, conspirações reais, o ocultismo (incluindo feiticeiros que invocam entidades), especulações metafísicas, física e histórias estonteantes de tecnologias avançadas mantidas em segredo.
Ao ler o livro do premiado jornalista australiano Ross Coulthart, In Plain Sight ("À Vista de Todos"), o ângulo militar-tecnológico entra bruscamente em foco. Seja qual for a verdade sobre os OVNIs, a verdade sobre tecnologia militar avançada pode ser de interesse mais imediato. Em sua busca por evidências “definitivas” sobre OVNIs, Coulthart foi informado por pessoas de dentro do sistema a mesma história que outros pesquisadores ouviram; a saber, que os Estados Unidos recuperaram o que autoridades “acharam que eram” [!?] veículos acidentados de origem extraterrestre. As fontes de Coulthart repetiram, como “boato”, que os militares dos EUA vêm tentando fazer engenharia reversa desses veículos há várias décadas.
Esse tipo de “rumor”, é claro, é tão comum quanto sujeira. O que não é comum é que Coulthart é um jornalista investigativo premiado que obteve seu “boato” de Nat Kobitz, ex-Diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Marinha dos EUA. Kobitz tinha 92 anos e estava em estado terminal na época (em 2020). Coulthart inicialmente contatou Kobitz para confirmar se ele havia se encontrado com um ex-agente ligado à CIA chamado Gordon Novel, que alegava que a Marinha dos EUA havia construído com sucesso um veículo ARV Fluxliner com propulsão gravitacional, feito por engenharia reversa a partir de tecnologia alienígena. Novel afirmava ter se encontrado com Kobitz em seu escritório no Pentágono, em 1993, onde Kobitz teria feito uma série de confissões sobre tecnologia alienígena, dizendo que era o “Supremo Segredo Cósmico” da América e a questão número um de segurança nacional. Quando perguntado sobre isso por Coulthart, Kobitz admitiu: “Lembro-me muito bem do Gordon. Infelizmente, um vendedor de sapatos. Tudo ficava bem nos meus pés.” Kobitz também admitiu que a Marinha vinha trabalhando com propulsão antigravitacional, mas que não era nada empolgante. Kobitz a descreveu como “propulsão por íons de energia muito baixa... Peidinhos micro-micro.” As alegações de Gordon Novel sobre o ARV Fluxliner, disse Kobitz, eram uma farsa. “Sinto muito,” acrescentou Kobitz. Mas então Kobitz quis dizer mais, e Coulthart lhe fez uma pergunta direta. “Nat,” começou Coulthart, “você já foi incluído em algum programa envolvendo OVNIs ou UAPs acidentados?” Após uma pausa, Kobitz respondeu: “Sim, fui. Nunca fui excluído disso. Então, realmente não posso falar sobre isso.”
Coulthart perguntou se Kobitz tinha conhecimento de alguma espaçonave alienígena recuperada. Kobitz disse que tinha apenas informações de boato no sentido de que “havíamos recuperado, várias vezes, espaçonaves alienígenas. Ou o que se achava que fossem.” Coulthart então perguntou a Kobitz se os EUA vinham tentando desenvolver tecnologia alienígena recuperada. Kobitz disse: “Sim, posso dizer que sim.” Kobitz acrescentou que havia sido convidado a visitar a Base Aérea de Wright-Patterson em Dayton, Ohio, “para examinar algumas peças estranhas de metal mantidas sob alta segurança.” Esse metal era, segundo Kobitz, uma peça de liga de titânio de cerca de um metro e vinte de comprimento com algo aparentemente soldado a ela. Só que não estava soldado. “Era parte integrante da estrutura externa...” Kobitz disse: “Era algo completamente estranho para mim. Quando se vê algo fundido no lugar, é uma peça única e sem interrupções visíveis. Mesmo com feixe de elétrons, às vezes você vê uma linha sutil. Mas isso não mostrava nada, e isso é o que era estranho nisso, para essas pessoas da área de manufatura.”
Kobitz apresentou Coulthart a alguns de seus amigos. Um deles era “um ex-cientista do Centro de Armas Navais dos EUA na Califórnia, na gigantesca Base Naval de China Lake. Agora aposentado... [e querendo permanecer anônimo]”, contou ter recebido uma proposta de emprego de uma grande empresa aeroespacial, onde teria acesso a destroços alienígenas e humanoides. Mas a oferta não se concretizou e ele nunca chegou a ver nada.
Por mais instigante que todo esse testemunho possa parecer, Coulthart corretamente admite que nada disso constitui prova. Além disso, nada aqui é novo. Trata-se da mesma história básica contada pelo coronel Philip J. Corso em um livro de 1997 intitulado The Day After Roswell (O Dia Depois de Roswell). Corso foi um ex-oficial do Pentágono que alegou ter distribuído tecnologia alienígena do acidente de 1947 com um disco voador em Roswell, Novo México, para laboratórios dos EUA realizarem engenharia reversa. Corso afirmou que fibras ópticas, lasers e o circuito integrado estavam entre as tecnologias desenvolvidas a partir dos artefatos do acidente de Roswell (que incluíam um “metal de memória” elástico). O livro de Corso, no entanto, repleto de erros, não convenceu os céticos. Se havia alguma verdade na história de Corso, as embelezadas fanfarronices do livro, somadas a um processo movido contra o coronel Corso e seu filho por Neil Russell, danificaram sua credibilidade de forma irreparável. Mais recentemente, as alegações de Corso foram desmascaradas por Jacques Vallée e Paola Harris, que ofereceram uma “palavra de cautela” sobre a história da tecnologia e suas origens, referindo-se indiretamente a Corso ao observarem que “muitos livros sobre OVNIs descreveram incorretamente como certas invenções surgiram.” Como exemplo, eles apontaram o efeito do transistor, descoberto na década de 1930, o qual “uma antiga patente alemã comprova,” e que, portanto, “não foi derivado do acidente de Roswell; o mesmo vale para os metais de memória.” Na verdade, como explicaram Vallée e sua coautora, o milagroso “metal de memória” de Roswell, com sua “pseudoelasticidade”, não era algo desconhecido pela ciência terrestre. Na verdade, uma liga flexível de cádmio e ouro foi descoberta em 1932 “por um cientista chamado Arne Olander.” Seis anos depois, outro metal elástico foi descoberto por Greninger e Mooradian, usando uma liga de cobre e zinco...
No caso de um oficial aposentado da inteligência militar (Corso) e do antigo chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Marinha (Kobitz), devemos nos perguntar se a história do acidente com extraterrestres não é um duplo blefe usado para desacreditar jornalistas cujas investigações chegam perto demais de programas secretos de armamento.
Se os segredos militares dos EUA são guardados dessa maneira, pode-se argumentar que um erro grave foi cometido; pois teorias conspiratórias relacionadas a OVNIs têm sido um elemento central da guerra psicológica soviética e russa, fomentando o ressentimento antigovernamental daqueles que querem que “a verdade sobre os discos voadores” seja revelada. O governo e os militares dos EUA são retratados como vilões envolvidos em esconder uma verdade que não teriam o direito de ocultar. Como veremos na Parte II deste ensaio, a KGB e seus serviços irmãos plantaram e espalharam documentos falsos do governo dos EUA sobre o acidente de Roswell com o objetivo de difamar as empresas e agências responsáveis pela defesa nacional. Infelizmente, com a credibilidade de Coulthart em destaque, um número maior de pessoas (e de melhor qualidade) será atraído para o vórtice da desinformação.
Em termos de estratégia de engano soviética, o quadro se complica ainda mais com a possibilidade de uma série de enganos em camadas. O boato sobre corpos alienígenas e discos acidentados agora inclui um elenco notável de testemunhas secundárias famosas. Por exemplo, há o suposto depoimento da antiga assistente de Einstein, Shirley Wright, que teria dito que viajou com Einstein a Roswell no verão de 1947 para ver uma nave em forma de disco e cinco corpos pequenos; ou a história contada pela segunda esposa de Jackie Gleason, Beverly, sobre como seu famoso marido “voltou para casa... com o rosto branco... e despejou a história inacreditável” de ter sido levado por seu parceiro de golfe, o presidente Richard Nixon, até a Base Aérea de Homestead e lá ter visto corpos alienígenas. Mas então, ponto final: temos uma explicação não-extraterrestre para todos esses relatos, dada por uma jornalista extremamente credível — Annie Jacobsen — que explicou tudo em termos de intriga da Guerra Fria.
Segundo Jacobsen, os pequenos corpos recuperados em Roswell não eram alienígenas do espaço. Eram crianças humanas — vítimas de experiências macabras ordenadas por Stálin. Todo o encobrimento de Roswell e várias décadas de desinformação por parte do governo dos EUA, disse Jacobsen, giravam em torno de “derrotar a campanha de propaganda negra de Stálin... para enganar os americanos em um cenário ao estilo de Guerra dos Mundos, no qual homenzinhos parecidos com alienígenas sairiam de uma aeronave [no deserto do Novo México] e o governo enlouqueceria com isso. E Stálin diria: ‘Vejam, não apenas temos tecnologia melhor que a de vocês, como também temos um departamento de propaganda melhor.’”
Quando Jacobsen explicou isso ao podcaster Joe Rogan, a resposta confusa foi: “Então o Stálin contratou pessoas baixinhas?” Para a maioria dos crentes em OVNIs, a pesquisa de Jacobsen parecerá absurda. Muitos sugeriram que ela foi enganada por um agente de desinformação do governo; mas, se você ouvir todo o podcast, absorvendo a história completa da testemunha arrasada de Jacobsen, não conseguirá descartar a história tão facilmente. Um velho físico nuclear, chorando de culpa por sua própria aquiescência a experimentos americanos com crianças retardadas, não é tão fácil de desacreditar. Uma pessoa daquela idade, tão próxima da morte, não tem razão para brincar com esse tipo de coisa.
Se a fonte de Jacobsen foi honesta, e se sua avaliação dessa fonte estiver correta, o acidente do disco voador em Roswell foi parte de uma bizarra operação de engano comunista sob a direção do ditador soviético Joseph Stálin. E por que isso deveria ser tão difícil de acreditar? Por mais de um século, Moscou nos apresentou uma “aldeia Potemkin” após a outra — retratando fartura onde havia fome, liberdade onde havia escravidão, amizade onde havia apenas inimizade. Tudo isso culminou na falsa democracia capitalista da Rússia pós-Guerra Fria (hoje governada pelo ex-oficial da KGB V.V. Putin).
Os jogos de engano russos não são fenômenos marginais. Eles têm estado no centro das atenções repetidamente. Os jogos de engano russos foram elaborados, e tão eficazes, que observadores casuais são rotineiramente levados a sérios equívocos sobre o mundo em que vivem. A comunidade ufológica (como é chamada) resiste às revelações de Jacobsen porque as pessoas envolvidas nesse assunto praticamente nada sabem sobre as muitas operações absurdas de desinformação russa realizadas no passado. A maioria dos crentes em discos voadores, ironicamente, retrataria Jacobsen como uma vítima da desinformação da CIA ou do Pentágono. Como as campanhas de desinformação da KGB no passado atribuíram com sucesso à CIA habilidades ao estilo Missão: Impossível, as pessoas passam a acreditar nas histórias mais fantasiosas sobre o envolvimento da CIA com alienígenas. Na realidade, no entanto, a KGB e o GRU foram objetivamente mais bem-sucedidos do que a CIA em muitos aspectos (inclusive no front da guerra psicológica). Se a CIA fosse tão boa, e tão bem-sucedida, por que tantas pessoas culpam a CIA pelo assassinato de Kennedy? Se a CIA fosse melhor em desinformação do que a KGB, a maioria das pessoas não acreditaria que foi a KGB quem matou JFK? Por que não admitir a possibilidade de que Moscou nos deu alienígenas falsos? Por que não admitir a possibilidade de que o resto de nós tenha sido vítima da desinformação da KGB mais do que de um encobrimento da CIA ou do Pentágono sobre OVNIs?
Embora a fachada pós-soviética da Rússia tenha recentemente ruído, a capacidade (ou tecnologia) de Moscou para encenar eventos e enganar milhões de pessoas está bem documentada. Se uma tentativa de encenar uma invasão alienígena falsa no Novo México terminou desastrosamente em um acidente próximo a Roswell, o envolvimento geral do Kremlin com contatados de OVNIs e cultos fez ainda mais para avançar a “agenda alienígena” nas décadas que se seguiram ao incidente de Roswell. Em termos de indicadores palpáveis, vale repetir o fato de que narrativas anticapitalistas e antimilitares dos EUA são parte integrante do movimento pela divulgação dos OVNIs. Na verdade, o envolvimento do Kremlin na promoção dessas narrativas foi cuidadosamente documentado pelo pesquisador Nick Redfern. Infiltrar e semear grupos ufológicos com desinformação era algo típico da KGB. Por meio do uso de dissonância cognitiva, contradição, sequestros, drogas de controle mental e hipnose, Moscou avançou simultaneamente a agenda comunista e uma agenda ocultista (possivelmente abrindo a caixa de Pandora no processo). Do ponto de vista ateísta do comunismo, que propaganda melhor poderia haver para desacreditar a fé religiosa tradicional? Afinal, o comunismo busca abertamente desacreditar a religião como “o ópio do povo”.
O que há de decepcionante em tudo isso é o oportunismo e a estupidez do governo e das forças armadas dos EUA. Segundo a testemunha de Jacobsen, autoridades americanas decidiram imitar a invasão alienígena falsa de Stálin; ou seja, decidiram forjar seus próprios incidentes ufológicos, experimentar em crianças americanas com deficiência mental, sequestrar testemunhas, e mais. Ao jogarem sua própria versão do jogo de Stálin, fecharam inadvertidamente a porta para a realidade da Guerra Fria para muitos americanos. É possível que americanos e europeus ocidentais tenham perdido o ouvido para a verdade — vasculhando os céus em busca de discos voadores? Isso se tornou a nossa nova “realidade”, sobre a qual dependem nossas expectativas de “progresso” científico? Estariam as massas sendo cada vez mais governadas pelas distorções tortuosas de um pântano febril de ficção científica, com infinitas “histórias excitantes” que nunca se concretizam em provas definitivas? O ceticismo saudável, nessa área, admitidamente, não é recompensado. Então onde isso nos deixa? — com rumores, pedaços de metal e um leve cheiro de cabelo de anjo. Por que, afinal, depois de várias décadas, os destroços supostamente recuperados em Roswell não estão em uma vitrine ao lado do módulo de comando da Apollo 11 no Smithsonian? Será porque os destroços de Roswell nunca existiram de fato?
Mas espere! E todos os fenômenos aéreos não explicados (UAPs) que nada têm a ver com Roswell? E os OVNIs rastreados por radar, os “foo-fighters” vistos por tripulações de bombardeiros aliados durante a Segunda Guerra Mundial, ou as dezenas de milhares de abduções alienígenas relatadas (ou estatisticamente suspeitas)? Certamente todos esses fenômenos não podem ser atribuídos à desinformação soviética; pois eles são mais antigos que a União Soviética, mais antigos que Stálin, e talvez mais antigos que a própria poeira (o que só reforça meu ponto). Não é apenas que carecemos de provas de naves físicas após 76 anos. Nós não temos absolutamente nenhuma nave física após milhares de anos! E, embora a história de Jacobsen não explique o universo e todos os seus mistérios, devemos lembrar que pode haver várias explicações para os fenômenos observados — explicações tanto naturais quanto sobrenaturais, que podem ou não incluir extraterrestres.
A maioria dos céticos e desmascaradores do fenômeno ufológico acredita que entende como o universo funciona (em princípio); consequentemente, estão obrigados a rejeitar relatos de Encontros Imediatos do Terceiro Grau (que frequentemente incluem experiências como telepatia com seres estranhos, paralisia do sujeito em seu quarto, entidades atravessando paredes e atividade poltergeist — fenômenos estes que têm sido correlacionados com avistamentos de OVNIs). Vale notar que, quando um cético endurecido se converte em verdadeiro crente, é mais provável que ele abrace a ideia de que os OVNIs são espaçonaves de outro mundo, do que dê crédito à literatura da Igreja sobre demonologia. Há uma cegueira que aflige as pessoas que acreditam que o universo físico é a única realidade. Anos atrás, um cientista me disse: “Não existem mistérios. Existem apenas problemas que ainda não resolvemos.” A suposição aqui é que os seres humanos eventualmente saberão tudo o que vale a pena saber. Essa ideia, no entanto, é ignorante quanto à experiência humana passada. Alguém já provou de fato que a realidade física é a única realidade? O que, então, é a consciência? Na filosofia, tais perguntas nos afastam da certeza científica e nos conduzem em direção ao mistério transcendental e ao “fundamento divino” da existência.
O OVNI, como objeto que paira nas margens da nossa realidade, aponta-nos numa direção transcendental. Com essa observação, devemos acrescentar mais uma camada enganosa ao fenômeno ufológico — uma camada que toca em inteligências não-humanas e enganosas. Uma das hipóteses mais interessantes, que amarra esses diversos elementos, foi esclarecida por Charles Upton em seu livro inestimável The Alien Disclosure Agenda. Apontando para três áreas sobrepostas da complexidade ufológica, Upton observou que estamos lidando com um fenômeno paranormal (ou sobrenatural) com muitos séculos de existência, agora entrelaçado com os jogos de guerra psicológica de vários serviços de inteligência, e ainda mais complicado pelo surgimento de novas tecnologias em desenvolvimento pelas grandes potências (isto é, tecnologias como energia por fusão, propulsão por gravidade e campos eletromagnéticos capazes de reduzir a massa de um objeto). O assunto dos OVNIs, portanto, toca em questões de muito maior importância do que simplesmente saber se há outros mundos habitados em nossa galáxia. O tema toca nos próprios limites da humanidade e, ao mesmo tempo, em tecnologias que poderiam conferir poderes divinos àqueles que as adquirissem. Não devemos esquecer que há uma batalha em andamento aqui na Terra entre os crentes da Nova Religião (o socialismo de Estado) e os da Velha Religião (o monoteísmo). Se a Nova Religião é ateísta e rejeita Deus como autor de todas as coisas, então o extraterrestre pode tornar-se um substituto necessário de Deus, uma entidade para unificar a humanidade (pois, afinal, os socialistas acreditam que devemos unificar nosso “planeta” se quisermos nos graduar na “comunidade galáctica” e comungar com inteligências superiores).
Essa última ideia é perturbadora para os religiosos; pois vemos, por toda parte, que uma guerra está sendo travada entre a Nova Religião e a Velha (na qual a Velha Religião não parece estar vencendo). Nessa guerra, surgiram novas armas — incluindo armas psicológicas. As feitiçarias da Antiguidade agora deram lugar às feitiçarias dos parapsicólogos e dos superpsíquicos gerenciados por governos. Nesse contexto, Charles Upton escreveu:
Minha própria hipótese deprimente [sobre os OVNIs] é esta: Vários grupos de ocultistas ou magos negros empenhados na dominação mundial, alguns dos quais parecem ter ligações com a comunidade de inteligência... e que podem ou não possuir tecnologias “interdimensionais” fornecidas ou inspiradas pelos jinn, estão encenando enganos (sendo a propaganda óbvia com que o evento de Roswell foi vendido ao público como a queda de uma nave alienígena um bom exemplo) com três propósitos: (1) desviar a atenção pública de outras atividades que desejam esconder; (2) influenciar a mente coletiva rumo a uma grande mudança de paradigma, afastando-se da religião e da ciência objetiva, e aproximando-se da crença em visitantes alienígenas; e, (3) invocar, por sugestão em massa e magia simpática, os demônios que cultuam.
A “hipótese deprimente” de Upton leva em consideração tanto as manipulações dos governos quanto as coisas que fazem barulho à noite. Parece haver fantasmas do outro mundo e fantasmas que trabalham para agências governamentais. E parece também que esses fantasmas se descobriram uns aos outros. O problema talvez seja determinar qual tipo de fantasma está, em última instância, no controle. Isso me lembra algo que o desertor da KGB Nikolai Khokhlov disse em meados da década de 1990. Falando com um amigo próximo meu, ele contou que havia “experimentos ocultistas nos subsolos da Lubianka [sede da KGB em Moscou].” Khokhlov, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato por envenenamento com tálio radioativo em 1957, disse que esses experimentos o aterrorizavam. Segundo o resumo executivo de um relatório anteriormente classificado da Divisão de Tecnologia Estrangeira dos EUA, datado de 1980:
A pesquisa soviética sobre fenômenos paranormais (isto é, telepatia, percepção extra-sensorial) começou no início da década de 1920 por alguns pesquisadores, foi interrompida no início da Segunda Guerra Mundial e foi retomada em 1959. Naquela época, e logo depois, cientistas estabelecidos de várias disciplinas ingressaram nesse campo de pesquisa, e o escopo da investigação foi ampliado para incluir todos os tipos de fenômenos paranormais (por exemplo, psicocinesia). Recentemente, mais pesquisadores se tornaram ativos, com parte de seus trabalhos abordando uma ampla gama de sensibilidades humanas (por exemplo, à campos eletromagnéticos sutis). Uma tendência à pesquisa multidisciplinar está emergindo, o que pode acelerar a compreensão de diversos fenômenos paranormais.
Os soviéticos tinham grande interesse em rebatizar termos do vocabulário do ocultismo, dando ao assunto um verniz “científico”. Ainda mais notável foi o fato de que o Partido Comunista da União Soviética iniciou um processo de triagem por meio do qual pessoas “dotadas psiquicamente” poderiam ser extraídas da população geral. O objetivo era que indivíduos dotados melhorassem suas habilidades, e que os cientistas soviéticos desenvolvessem novas técnicas de treinamento para psíquicos. Não temos real noção da extensão completa desses programas, mas uma nova forma de feitiçaria está implícita. De acordo com o relatório da Divisão de Tecnologia Estrangeira da Força Aérea dos EUA, “Em 1967, ocorreu o experimento de telepatia estatisticamente mais significativo da história da pesquisa de fenômenos paranormais. Um experimento conduzido pelo grupo de Kogan, em Moscou, alcançou 105 acertos em 135 correlações de dígitos escolhidos aleatoriamente entre 0 e 9.”
Por mais de quatro décadas, líderes soviéticos e depois russos lançaram pistas sobre “armas baseadas em novos princípios físicos”, incluindo armas psicofísicas. Em 2012, Putin publicou um artigo mencionando essas armas, “que seriam comparáveis, em seus efeitos, às armas nucleares, mas mais ‘aceitáveis’ do ponto de vista político e militar.” Embora saibamos muito pouco sobre essa classe de armamento, os russos vêm trabalhando em “geradores psicotrônicos” projetados para “lavar o cérebro das pessoas à distância”. Especialmente, os russos consideram que armas psicotrônicas seriam mais eficazes contra países em que tensões sociais, étnicas e religiosas possam ser exploradas. O oficial reformado das Forças Estratégicas de Mísseis da União Soviética e da Rússia, Major-General Vladimir Semenovich Belous, escreveu sobre a “apresentação dosada de material ideológica e psicologicamente provocativo, a alternância habilidosa entre verdade e informação falsa” como um meio poderoso de “ofensiva psicológica”. O Major-General Belous fez, nesse contexto, uma observação curiosa sobre os OVNIs. “Não há dúvida de que, à medida que as ciências naturais se desenvolvem e descobertas fundamentais surgem,” explicou ele em referência aos OVNIs, “novos tipos de armas podem ser criados.” Cripticamente, disse que os OVNIs eram uma força da natureza, como a gravidade — e sugeriu que poderiam ser aproveitados. Nesse contexto, uma fonte russa minha relatou que, durante os anos 1980, alguns dos filhos crescidos de generais das Forças Estratégicas de Mísseis da URSS haviam se envolvido com práticas ocultistas (com interesse especial nos escritos de Aleister Crowley).
Diante desses fatos, não devemos temer em levantar algumas perguntas ousadas:
1) Teriam os russos compreendido o OVNI como uma “força” que poderia ser invocada e comandada — como um feiticeiro invoca e comanda um demônio poderoso?
2) Haveria um caminho lógico de desenvolvimento, partindo de experimentos bem-sucedidos com telepatia, até interações com “telepatas” que pilotam OVNIs?
3) Poderia a perspectiva de contato alienígena ser explorada politicamente para desacreditar o capitalismo ou para derrubar a própria civilização?
Diante dessas questões, não devemos ter medo de formular algumas perguntas ousadas: (1) Teriam os russos compreendido o OVNI como uma “força” que poderia ser invocada e comandada, como um feiticeiro comanda um demônio poderoso?
(2) Haveria um caminho lógico de desenvolvimento, que parte de experimentos bem-sucedidos com telepatia até interações com “telepatas” que pilotam OVNIs?
(3) Poderia a perspectiva de contato alienígena ser explorada politicamente para desacreditar o capitalismo, ou até mesmo para derrubar a civilização?
Neste contexto, vale retornar aos comentários de Charles Upton, onde ele escreveu: “Os OVNIs representam uma invasão psíquica em massa da mais alarmante natureza, exigindo uma resposta imediata e militante no plano da guerra espiritual.” Segundo Upton, “o contato alienígena representa uma irrupção no plano material de forças sub-humanas oriundas do reino sutil, cujo objetivo é a dissolução do nosso mundo.” Para aqueles que compreendem o comunismo — e toda a tendência ideológica moderna que o circunda — levanta-se a pergunta: em termos da dissolução do nosso mundo, estaria Moscou dominando os OVNIs, ou teria Moscou sido dominada pelos OVNIs?
Afinal, o que é um alienígena de OVNI? Seria um demônio, um Jinn, um espírito trapaceiro, um ultra-terrestre do “espectro eletromagnético inteligente”? Como é possível que sejam telepáticos, como os demônios? Como é que conseguem se materializar e desmaterializar? Voltando às fontes medievais, Tomás de Aquino, em seu livro Sobre o Mal (De Malo), apresenta várias provas de que “os demônios têm corpos etéreos unidos a eles por natureza.” Resumindo o argumento de Dionísio, que dizia que “o mal nos demônios é ‘uma raiva irracional, um desejo demente e uma imaginação desavergonhada’”, Tomás observa que “essas três coisas pertencem à parte sensível da alma… e a parte sensível da alma não existe separadamente do corpo. Portanto, os demônios têm corpos.” Tendo corpos e sendo criaturas racionais, segue-se também que teriam instrumentos; talvez até máquinas, ou engenhosidade inventiva. E se essas “criaturas” são mais inteligentes do que os homens, qual seria o limite dessa engenhosidade? Tomás escreveu: “Por exemplo, Calcídio diz em seu Comentário ao Timeu: ‘Os demônios são animais racionais, imortais, capazes de experiência na alma, etéreos no corpo.’ E Apuleio diz em sua obra Sobre o Deus de Sócrates que os demônios são animais por sua natureza, capazes de experiência em sua alma, racionais de mente, etéreos de corpo, eternos no tempo.” E Santo Agostinho leva essa descrição dos demônios para A Cidade de Deus. Portanto, os demônios têm corpos unidos a eles por natureza.
O homem moderno presume que os demônios existem apenas na imaginação dos supersticiosos. Mas quem ousaria dizer que Tomás de Aquino era supersticioso? Ele foi um dos homens mais brilhantes que já viveu. E, no entanto, parece que ele acreditava em demônios. O mesmo vale para os homens que ele citava nesse contexto — Calcídio, Apuleio e Santo Agostinho. E mesmo cientistas modernos, rigorosos em sua ciência, como Jacques Vallée, admitem que “criaturas” desse tipo podem, de fato, existir; pois as conhecemos por relatos comuns de testemunhas, tanto antigas quanto modernas. Assim, ao discutir encontros imediatos com ufonautas, Vallée recorre à literatura dos Padres da Igreja — a literatura sobre demonologia. Em seu livro Passport to Magonia, Vallée abre as páginas de “registros religiosos… que [oferecem] um dos casos mais notáveis… que jamais encontrei.” Ele cita os escritos do Padre Ludovico Maria Sinistrari sobre um íncubo acompanhado de fenômenos poltergeist, relatados numa obra intitulada De Daemonialitate, et Incubis, et Succubis, “escrita na segunda metade do século XVII.” Sinistrari foi um teólogo italiano nascido em 1622. Ensinava filosofia e teologia em Pavia, sendo conselheiro da Inquisição, especialista em exorcismo e demonologia.
Em certo ponto de sua carreira, a atenção do Padre Sinistrari voltou-se para uma mulher casada de moralidade impecável, chamada Hieronyma. Ela era elogiada pelo clero local como uma pessoa de bom caráter. Sinistrari escreveu que uma criatura invisível passou a entrar no quarto dessa mulher após deixar-lhe um presente estranho. A criatura tentou seduzi-la. E, embora ela recusasse a sedução, podia sentir os beijos da criatura em seu corpo. O fenômeno persistia apesar dos esforços do clero. De fato, só piorava. Certa noite, o íncubo materializou-se como um jovem belo, com cachos dourados e barba. Apesar da forma atraente, Hieronyma continuou resistindo. Logo o íncubo começou a roubar suas joias e outros objetos de valor. Esses itens simplesmente desapareciam. Eventualmente, a criatura começou a espancá-la, deixando hematomas em seu corpo. Em um momento, a criatura pegou o bebê da mulher e o suspendeu na beira do telhado, ameaçando matá-lo. Tudo isso enquanto exigia que ela cedesse à sedução. Entretanto, ninguém além de Hieronyma podia ver o demônio. No entanto, havia muitas testemunhas para suas travessuras mais incômodas. O marido relatou que o íncubo encheu o quarto do casal com pedras arredondadas e planas, típicas daquela região da Itália. O quarto estava tão cheio de pedras que o casal teve que chamar uma escada para sair da cama pela manhã. Mas a demonstração mais dramática do poder do demônio ocorreu quando ele fez desaparecer uma mesa inteira de comida durante um banquete — substituindo-a por uma mesa inteiramente diferente, com outra comida.
Há volumes de testemunhos sobre esse tipo de coisa, incluindo um relato incrível da pena de Cotton Mather nas colônias americanas. Para aqueles que desejam manter-se científicos, o pai da ciência política, Nicolau Maquiavel, afirmou a realidade dos fenômenos sobrenaturais — assim como historiadores como Tito Lívio e Plutarco, teólogos como Tomás de Aquino e Santo Agostinho. Por que, então, seria escandaloso se um cientista como Jacques Vallée preferisse manter a mente aberta?
Os leitores podem se perguntar o que tudo isso tem a ver com OVNIs. Manfred Cassirer, membro do conselho da Society for Psychical Research no Reino Unido e investigador de casos de abdução alienígena, escreveu: “A maioria das pessoas na era moderna descarta os aspectos mais assustadores da ufologia e da bruxaria como superstição.” Após examinar a história da bruxaria — na qual seres humanos teriam causado doenças e mortes por meio de maldições contra outras pessoas ou contra animais — Cassirer escreveu: “Com os OVNIs parece haver algo infinitamente mais poderoso [em ação]. O ‘progresso’ fez valer sua vontade nesse campo, como em todos os outros!”
Lado a lado com o progresso material pode haver progresso nas artes negras. Potências militares podem estar conduzindo pesquisas sobre “tecnologias” ocultas, de modo que um líder como Putin possa se vangloriar de possuir “armas psicofísicas.” Sabemos que a caça às bruxas dos séculos passados foi alimentada por histeria irracional; mas e se, em parte, houvesse algo real por trás da histeria? Se a telepatia já foi demonstrada sob condições laboratoriais, poderia haver uma telepatia maligna — uma telepatia capaz de matar gado à distância, ou de adoecer uma pessoa? Se sim, por que um ditador russo ou chinês abriria mão da chance de possuir esse tipo de poder? Ao mesmo tempo, observou Cassirer, as entidades sombrias que se passam por homenzinhos do espaço são mais semelhantes a “aparições, espíritos, personificações de figuras religiosas ou de nossos entes queridos falecidos. Essas configurações metamórficas são mestres da enganação e se adaptam como argila de modelar ao nosso meio cultural e estruturas de crença... Na melhor das hipóteses, elas refletem ideias populares atuais sobre questões ‘verdes’; na pior, falam bobagens incoerentes e se entregam a um jargão pseudocientífico que mais parece uma projeção da mente imatura do percipiente.”
Poderiam essas entidades ser projeções psíquicas — formas-pensamento transmitidas de um laboratório nos subsolos da sede da KGB em Moscou? Resumindo todos esses elementos, Charles Upton escreveu:
O fenômeno é real, e amplamente inexplicável para a ciência convencional... Diante disso, governos nacionais — ou camarilhas dentro deles, ou diversos blocos de poder extra-governamentais — disseram a si mesmos: ‘Se pudermos explicar ou controlar o fenômeno dos OVNIs, ao menos poderemos usá-lo em nosso benefício.’ Consequentemente, espalham a crença de que os governos nacionais sabem muito sobre o fenômeno e sobre o que está por trás dele, e que tais governos estão de fato em... contato com seres extraterrestres inteligentes...
Tomando esse eixo geral de investigação, que revelações adicionais podemos esperar?
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