Desespero especulativo…e o Apocalipse Extraterrestre - Parte II (Jeffrey Nyquist – 08/04/2023)
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Desespero especulativo…e o Apocalipse Extraterrestre - Parte II (Jeffrey Nyquist – 08/04/2023)
Especulativamente, supõe-se que desviemos o olhar do indivíduo singular; portanto, especulativamente, só podemos falar superficialmente sobre o pecado. A dialética do pecado é diametralmente oposta à da especulação. — Søren Kierkegaard
No mesmo ano em que Karl Marx e Friedrich Engels publicaram seu Manifesto Comunista (1848), Søren Kierkegaard publicou seu notável livro A Doença para a Morte. A Parte II dessa obra tinha por título: “O desespero é pecado.” Se nos entregamos a especulações desviantes, dizia Kierkegaard, em vez de vivermos pela fé, caímos num labirinto em que um erro sucede ao outro. Especulações fundadas no desespero são frequentemente usadas para justificar a rebelião espiritual, conduzindo à violência e ao crime. Tais especulações ignoram que cada indivíduo é responsável diante de Deus. Em sua ânsia por mudança (como se, pela mudança, pudessem fugir de si mesmos), as pessoas tendem a desviar a atenção das questões centrais da vida; a saber: o que é o bem e o que é a verdade? (O que implica uma obrigação.)
O niilista responderá: “Qual a importância? Nada de bom pode resultar de coisa alguma!” E então apontará para nossa sombria situação política. É claro que nenhuma pessoa sensata argumentaria que vivemos num paraíso (embora tolos frequentemente insistam que deveríamos estar vivendo num). No entanto, nossa situação política não é a causa do desespero existencial que vemos hoje; ao contrário, ela emergiu desse desespero. De fato, temos Rússia e China unindo forças abertamente porque muitos indivíduos no Ocidente viraram as costas à verdade, ao seu dever (ouso dizer, diante de Deus). Desesperando-se do bem, americanos e europeus decidiram fazer dinheiro em seu lugar; e assim, fortalecemos o poder econômico do Partido Comunista Chinês — um regime assassino. É por isso que o presidente chinês, Xi Jinping, está ordenando ao Exército de Libertação Popular que “se prepare para a guerra” contra a América. O Ocidente o alimentou — e agora ele está faminto por mais.
Alguns poderiam dizer que levar Xi a sério é uma forma de desespero. Outros poderiam afirmar que, neste caso, o otimismo econômico é obrigatório. E assim, o pecador se embala com um otimismo eternamente falso. Consequentemente, Europa e América continuam a fechar os olhos enquanto homens de negócios do Ocidente se banham no dinheiro chinês. Poucos de nossos empresários agem como se fossem responsáveis diante de Deus. E assim, continuam negociando com assassinos em massa enquanto caminham sonâmbulos rumo à destruição certa.
A captura das elites ocidentais por agentes comunistas chineses jamais teria avançado tanto se as instituições ocidentais estivessem assentadas em fundamentos morais sólidos — isto é, se as pessoas se vissem como atores moralmente responsáveis. Ao mesmo tempo, figuras proeminentes da direita americana, desinteressadas em se opor à agressão militar nua e crua da Rússia, denunciam a Ucrânia como o país mais corrupto do mundo. O Exército russo devastou a sociedade ucraniana com tropas, artilharia e mísseis. Aqui está a primeira grande guerra na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, e metade da direita americana está pronta para virar as costas a um aliado potencial importante.
Os Estados Unidos e a OTAN apoiam a Ucrânia. Mas esse apoio não tem sido pleno, oportuno ou suficiente. Temendo um ataque nuclear russo, o Ocidente se mostra receoso de fazer o que é certo pela Ucrânia. Há também muitos políticos que estão nas mãos da Rússia. Por ora, são compelidos pela pressão pública a apoiar a Ucrânia. Mas se essa pressão diminuir, esses políticos ocidentais — que foram comprometidos por Moscou — se voltarão contra a Ucrânia. Nesse caso, os exércitos da Rússia chegarão às fronteiras da OTAN — e só Deus sabe qual será o próximo movimento.
O Ocidente sofre há décadas com subversão ideológica e desconstrução cultural. A esquerda comunista armou conceitos como raça, sexo e classe. Subversivos estão dentro da Casa Branca, do Pentágono, do Congresso e da própria OTAN. Para piorar, as instituições religiosas e políticas do Ocidente são intelectualmente medíocres e ideologicamente desorientadas. Esquerda e direita acreditam em narrativas falsas. Some-se a isso o banditismo do narcotráfico — fruto do uso banalizado de drogas por americanos e europeus comuns. O tráfico de entorpecentes há muito faz parte do programa de subversão do comunismo, como delineado no livro Red Cocaine, de Joseph D. Douglass. A operação “Amizade entre os Povos”, uma iniciativa para inundar o Ocidente com entorpecentes ilegais, começou em 1960 sob Nikita Khrushchov. E qual é o resultado, 63 anos depois? Operações de lavagem de dinheiro permitiram que intermediários comunistas subornassem autoridades públicas, fraudassem eleições e chantageassem bancos.
A corrupção agora é onipresente: primeiro, a corrupção da verdade, pelas distorções e mentiras da prática expediente; segundo, a corrupção dos líderes; e terceiro, a corrupção das massas, que foram enganadas e desinformadas. Essa é a nossa modernidade — que se assemelha à modernidade de 2.000 anos atrás, descrita pelo historiador romano e contemporâneo de Augusto, Tito Lívio. De fato, Lívio escreveu sua história para inspirar um retorno aos valores romanos tradicionais. Como ele explicou:
Convido a atenção do leitor para uma consideração muito mais séria: o tipo de vida que nossos antepassados levavam, quem eram aqueles homens, e quais os meios — tanto na política quanto na guerra — pelos quais o poder de Roma foi primeiramente adquirido e posteriormente expandido; gostaria, então, que ele seguisse o processo de nossa decadência moral, observando, primeiro, o afundamento dos alicerces da moralidade à medida que o antigo ensino era negligenciado, depois a desintegração rapidamente crescente, então o colapso final de todo o edifício, e o sombrio amanhecer do nosso tempo moderno, quando não conseguimos mais suportar nossos vícios nem enfrentar os remédios necessários para curá-los.
Explicando seu trabalho nesses termos, Tito Lívio acrescentou que “a história é o melhor remédio para uma mente doente...” O colapso do mundo antigo, que levou quatro séculos para se desenrolar — sendo a história de Lívio uma espécie de ação literária de retaguarda — fornece ao homem do século XXI um espelho. O que aconteceu com Roma está acontecendo conosco. O que se desenrolou antes está se desenrolando outra vez. Filósofos e teólogos (pagãos e cristãos) têm suposto que nosso problema de corrupção é espiritual, envolvendo a alienação de Deus (ou do fundamento divino), a fonte da vida e da sabedoria. O homem perdeu sua conexão com o Céu.
Nas sociedades saudáveis, encontramos a Primazia do Vertical — no “mandato do céu”, no Direito Divino dos Reis — quando Papas coroavam imperadores e sumos sacerdotes guiavam os reis (quando os próprios reis não eram sacerdotes). Até mesmo o usurpador epicurista, Caio Júlio César, buscou o cargo de Pontifex Maximus como um trampolim para o poder absoluto. É útil, para pessoas ambiciosas, parecerem instrumentos de Deus. E assim, um número cada vez maior de pessoas adotou a religião como uma pretensão vazia — tornando a própria sociedade oca. Ao longo da maior parte da história, os homens buscaram no Céu sua autoridade. Somente nos tempos modernos é que essa fórmula foi invertida, de modo que a autoridade já não vem do Céu, mas do “povo”. E agora estamos fazendo uma descoberta melancólica: a saber, que o povo não é Deus; e a Democracia, como sistema no qual os líderes primeiro seguem, nos deu homens vazios.
Os antigos romanos buscavam o favor ou o desfavor divino estudando as entranhas dos animais, o voo das aves ou sinais no céu. Os clérigos da Idade Média oravam e buscavam respostas nas Escrituras e na teologia. Os líderes seculares de hoje ignoram o céu, ignoram as Escrituras e a teologia. Contudo, alguns estão atentos ao mais curioso de todos os sinais — o Objeto Voador Não Identificado (UFO).
Considere, a título de exemplo, a história contada por Chris Bledsoe, da Carolina do Norte, autor do livro UFO of God, que se tornou um best-seller número um nos EUA — com prefácio de um ex-operador clandestino da CIA e introdução de um coronel aposentado do Pentágono, especializado em pesquisas paranormais. Eis a história de estranhas “entidades”, esferas de luz dançantes e aparições de “uma senhora” em trajes antigos, proferindo profecias apocalípticas. Bledsoe e suas testemunhas afirmam que o fenômeno é real; e, à semelhança do cientista Jacques Vallée, Bledsoe permanece cético quanto ao que seja esse fenômeno — mas acredita que seja “de Deus”. Uma alegação estranha, de fato, para um batista. Como não é católico, ele evita dizer que a “senhora” que encontrou seria a Virgem Maria. Ainda assim, alegam-se curas nas proximidades das misteriosas esferas de Bledsoe, que são acompanhadas de advertências visionárias. Ao mesmo tempo, Bledsoe tem sido alvo de ataques por parte de sua comunidade e igreja, sofrendo o que ele chama de “ostracismo... e miséria.” Os críticos de Bledsoe afirmam que suas esferas são demoníacas. Outros dizem que são angélicas.
Quando Bledsoe decidiu abandonar o fenômeno, o fenômeno recusou-se a abandoná-lo. Sendo atraído por vozes a um estranho encontro, ele se viu repreendido. “Diante de mim,” escreveu Bledsoe, “uma mulher flutuava num círculo de luz, serena, imóvel e silenciosa. Ela fitava-me do alto. Sua beleza me tranquilizou, e meu medo se desvaneceu.” De joelhos, Bledsoe foi compelido a escutar. “Você sabe por que estou aqui,” disse a aparição. “Você não pode desistir agora. Você fez um acordo que precisa ser cumprido.” A senhora disse a Bledsoe que as esferas voadoras eram suas “ferramentas.” Os seres que acompanhavam as esferas eram “guardiões.” A aparição explicou ainda que as visões apocalípticas de Bledsoe diziam respeito a um futuro “possível” para a humanidade. A senhora flutuante queria que Bledsoe confiasse nela absolutamente, prometendo que protegeria sua família. Simbolicamente, Bledsoe recebeu um tufo de pelos vivos como ícone da humanidade; isto é, uma criatura sem cabeça nem cauda — “sem sentido, em grave necessidade de proteção e orientação.” Ainda segundo Bledsoe, “Ela advertiu que havia forças agindo para lançar fenômenos como este sob uma luz negativa, e que, se essa visão se espalhasse, a humanidade seria posta em um caminho rumo à ruína. Ela disse que minha missão era impedir que esse engano perigoso criasse raízes.”
Eis um daqueles encontros encenados com o desconhecido que Jacques Vallée tentou interpretar. “Uma vez que entramos neste labirinto,” escreveu o cientista francês, “não há como voltar. Só podemos ir mais fundo na escuridão, acumulando novos dados com o incômodo saber de que muito do que encontramos está distorcido e talvez deliberadamente enviesado para nos confundir e nos induzir a uma crença irreversível em extraterrestres.”
Tendo perdido nossos fundamentos, desconectados do eixo vertical na Grande Cadeia do Ser, deveríamos nos surpreender ao encontrar uma mão estendida para nos puxar de volta da beira da destruição? Ou seria uma mão a nos arrastar para o Inferno?
A mente que se obscurece
O investigador de OVNIs Jacques Vallée expressou a preocupação de que as narrativas oriundas do fenômeno UFO possam vir a se tornar “a próxima forma de religião.” Se nossos sistemas políticos fracassarem, as pessoas podem depositar suas esperanças em salvadores extraterrestres. Não deveríamos nos surpreender se uma variante da ideologia ET estiver sendo gradualmente construída nas margens. Aqui encontramos uma nova retórica política, centrada no contato extraterrestre, a ganhar adeptos. Isso não é algo bom, pois a ideologia do contato com ETs se encaixa com narrativas totalitárias — com temas anticapitalistas, antiamericanos e antiocidentais.
Poderia o chamado “Grande Reset” estar sendo impulsionado, em última instância, por uma crença no contato extraterrestre? Um socialista que deseja que vivamos como um só planeta, sob um só Reich, com um só Führer, talvez diga que nossa admissão na Federação Galáctica exigirá a unificação planetária. Imagine as maravilhosas novas tecnologias, curas para doenças, vida prolongada, energia ilimitada e gratuita que então fluirão do céu até nós. Quem resistiria a um programa político tão sedutor?
Quando a política mundial é vista em termos de política interplanetária, o desespero especulativo torna-se a chave. Homens que se recusam a aceitar as realidades da existência estão propensos a imaginar um futuro hedonista e de ficção científica. Em sua corrupção, estão preparados para abraçar magníficos alienígenas do espaço — ou os representantes dos alienígenas na Terra. Por mais que a ficção científica possa entreter, a ficção científica política e suas falsas narrativas só produzirão tirania. Este jogo não é para mentes imaturas ou homens vazios. É aqui que mais se exige discernimento; contudo, nossa luz tem se tornado mais fraca, e nossas faculdades intelectuais, declinantes. A maioria das pessoas não sabe quando algo está provado. Não sabe analisar nem pensar.
Em suas memórias, o filósofo político Eric Voegelin relatou como encontrou o professor Cleanth Brooks ao atravessar o campus da LSU. “Encontrei-o mergulhado em tristeza,” escreveu Voegelin. “Perguntei-lhe o que o afligia. Ele me disse que precisava preparar um capítulo sobre erros típicos para um livro didático de estilo em inglês…” A dificuldade era que erros típicos eram difíceis de encontrar. Oh sim, disse ele, muitos erros podiam ser encontrados em qualquer livro didático de educação — uma dúzia por página. Segundo Voegelin, “Ele então me explicou que não podia usar esse método porque os pedagogos estavam muito abaixo do nível médio de alfabetização, e seus erros não podiam ser considerados típicos da média dos falantes de inglês.” Mas não se preocupe, Cleanth Brooks encontrou uma saída para seu dilema. Ele poderia usar livros didáticos de sociologia para encontrar exemplos de erros típicos no uso do inglês.
Parece que estamos nos aproximando de uma era de analfabetismo e superstição — uma era que talvez já tenha começado. Muito do “conhecimento” que circula por nossas universidades hoje é anticonhecimento, guardando com o saber a mesma relação que a antimatéria guarda com a matéria. De fato, parece que estamos dominados por dogmas acadêmicos que fecham a mente e vedam a alma. Karl Jaspers escreveu:
“Se pensamos ter apreendido o processo histórico total como conhecimento objetivo, se pensamos ter, assim, visualizado em que e por que existimos, então perdemos o sentido da fonte abarcadora da qual vivemos…. Sempre que um observador pensa saber o que é o homem, o que é a história, o que é o eu como um todo, ele perde o contato com o abarcador [a fonte] e, assim, se vê cortado de sua origem e de sua essência.”
Se a primeira regra é a honestidade, então a segunda é que não temos todas as respostas. O universo é um mistério, e por trás desse mistério está o criador do universo. Ateus e positivistas hesitarão, mas tudo o que sabemos aponta para ordem e propósito. Há uma inteligência superior por trás de tudo. A evidência dessa inteligência se revela no genoma humano, na calibragem da gravidade e de outras forças físicas que permitem a existência dos seres vivos.
Com essa questão dos UFOs, desejamos, desesperadamente, conectar-nos com algo — ou alguém — “acima” de nós. Instintivamente, queremos restabelecer nosso vínculo vertical. O alienígena, supostamente muito mais avançado que nós, tornou-se um substituto de Deus. Considere-se o caso do Dr. Steven Greer, do Projeto Divulgação de OVNIs. Sua retórica pode parecer não ideológica à primeira vista, mas suas declarações contêm as sementes de uma doutrina temível. Greer promete reverter a ganância (isto é, o capitalismo de mercado) e acabar com a pobreza global ao disponibilizar a tecnologia extraterrestre para a humanidade. O problema, segundo Greer, é que “um bando de fascistas está nos impedindo de ter acesso a isso. Eles são fascistas. Ponto final.” (Ele se refere aos principais atores do “maléfico” complexo industrial-militar dos EUA.)
Greer ensina clientes pagantes a contatar ETs por meio de protocolos de meditação. Seus ensinamentos têm uma curiosa semelhança com o espiritismo. Ao mesmo tempo, Greer fala de batalhas contra “forças das trevas.” Por exemplo, ele afirmou: “Convidei Neil Armstrong para o evento do Projeto Divulgação no Clube Nacional da Imprensa, e esse grande amigo dele que faz parte da minha equipe disse que foi informado de que… a esposa, os filhos e os netos de [Armstrong] seriam todos mortos se ele aceitasse. Sofreriam acidentes ou algo assim. E isso é verdade.”
Buzz Aldrin, presbiteriano que leu o Novo Testamento quando chegou à Lua, disse a Howard Stern em agosto de 2007 que não viu nada extraterrestre durante a missão Apollo 11. O OVNI que ele relatou ter seguido o módulo de comando da Apollo 11 no espaço era, na verdade, um painel que se desprendera do foguete Saturn V. Ainda assim, Greer, na prática, está dizendo que Aldrin é mentiroso. Então, em quem devemos acreditar?
A primeira pergunta é: — por que o governo ameaçaria a família de um herói americano como Armstrong, um dos homens mais famosos de todos os tempos? Neil Armstrong é tão famoso que poderia ter convocado uma coletiva de imprensa em qualquer dia da semana. Quem, então, ousaria tocá-lo? Ele poderia ter dito o que quisesse, e a nação inteira teria se prendido a cada uma de suas palavras. Que tipo de conspiração poderia ter sobrevivido se Neil Armstrong viesse a público? E, se havia de fato uma conspiração, por que não tentaram matá-lo em algum “acidente” anos atrás? Ele era, quase certamente, uma testemunha inconveniente que não podia ser controlada — e certamente não por ameaças! E, além disso, se essa conspiração é tão sanguinária, por que Greer ainda está vivo? Com certeza, se forças sinistras quisessem suprimir a verdade, Greer e toda a sua família teriam desaparecido há muito tempo.
Greer, é claro, fez sua alegação sobre Armstrong após a morte do astronauta, em 2012. Em outras palavras, Armstrong não pode contradizer a história. No entanto, a história é contradita pela vida e pelo caráter de Armstrong. Um piloto de testes, astronauta, o primeiro homem a pisar na Lua, não cederia a ameaças de um capanga do governo. Ele também não gostava que enriquecessem às suas custas. Quando o barbeiro de Armstrong vendeu seus cabelos cortados sem permissão por US$ 3.000, ele exigiu que o valor fosse doado à caridade. E agora, se o famoso astronauta estivesse vivo, quanto Greer seria forçado a doar?
Greer também colocou palavras na boca de outras pessoas famosas. Por exemplo, afirmou ter feito uma exposição sobre OVNIs ao ex-diretor da CIA, Jim Woolsey. Woolsey reagiu enviando a Greer uma carta — com a assinatura de mais três testemunhas — repreendendo-o por deturpar uma simples conversa de jantar que haviam tido. A demagogia de difamar o governo dos EUA enquanto se promete ao povo uma vida melhor graças à tecnologia extraterrestre retroengenheirada é, no mínimo, um golpe bastante peculiar.
Se Greer não é digno de confiança, então como explicar todos aqueles “ex”-agentes de inteligência e militares ligados ao seu Projeto Divulgação? Jacques Vallée oferece um insight valioso ao escrever: “Aqueles que afirmam trazer-nos essas revelações extraordinárias estão, em geral, ligados ao meio militar ou à comunidade de inteligência. O que eles expõem não é o verdadeiro grupo secreto, mas uma camada externa de mentiras e enganações descaradas que foram concebidas, desde o início, para serem expostas.”
Com força devastadora, Vallée menciona três exemplos de homens que fizeram revelações relacionadas a OVNIs: “John Lear não foi apenas piloto de uma companhia aérea controlada pela CIA, e Bill Cooper um homem da Inteligência Naval, mas Bill English trabalhou como analista de informações em uma estação de escuta ao norte de Londres. Bill Moore admitiu ter sido informante da Força Aérea — e possivelmente de outras agências também — e seu principal contato, Richard Doty, foi treinado em desinformação e guerra psicológica.”
A ascensão do pensamento mágico
A contaminação do pensamento irracional, uma vez desencadeada, pode se espalhar rapidamente por uma população, destruindo o governo constitucional e o Estado de Direito — sobretudo se este já estiver gravemente enfraquecido. Atualmente, observa-se uma tendência crescente ao pensamento mágico tanto à direita quanto à esquerda, onde políticas perigosas são promovidas com agressividade como se o futuro da humanidade dependesse de ações que, racionalmente, não podem produzir os resultados prometidos.
O desespero especulativo conduz ao pensamento mágico e às teorias da conspiração, que são, no fundo, formas de pensamento mágico. São teorias que envolvem cabalistas malignos governando o mundo por meio de bancos e lojas maçônicas; satanistas de alto escalão que sacrificam bebês; répteis interplanetários metamorficos que bebem sangue humano; e pequenos cinzentos pervertidos em discos voadores. Em todos esses cenários, o universo está sob o domínio de um opressor invencível, invisível e sobre-humano. (E assim, mais uma vez, o pecador individual é isentado de culpa.) Eis aqui uma mitologia gnóstica que atrai seres humanos desesperados como mariposas em direção à chama. Cortadas da espiritualidade autêntica, milhões de pessoas alienadas tendem a sucumbir a uma fé invertida, na qual o Criador é retratado como um demônio que nos aprisionou no “Campo de Concentração Cósmico do Eterno Retorno.”
O desespero especulativo assume muitas formas exteriores, mas é sempre o mesmo por baixo da superfície. Alguns de seus expoentes fazem sua fé invertida soar razoável. Outros são menos hábeis em esconder a loucura. Miguel Serrano, o sacerdote chileno do Hitlerismo Esotérico, escreveu um hino esquizofrênico à Era Hitlerista — que convoca “o Herói a se transmutar em algo mais do que um Deus antes de sair… do ilusório ‘Campo de Concentração Cósmico’ do Demiurgo.” Os delírios de Serrano sobre “a virgem negra,” a oposição entre “Kristianismo e Cristianismo,” e a “vitória espiritual” de Hitler na Segunda Guerra Mundial são tão explicitamente gnósticos que dispensam explicação. Seu delírio ocultista, introduzido com um abrupto “Heil Hitler,” apresenta sem pudor aquilo que outros ideólogos se esforçam em esconder.
Eric Voegelin advertiu sobre os “magos” cuja “fé metastática” (isto é, pensamento mágico) tenta transfigurar a realidade em paraíso. A magia de Serrano buscava transformar o real por meio do “Tantrismo da SS” e da “eternização” extática do deus Hitler. Os marxistas realizam sua mágica por meio da dialética da revolução. Contudo, não há qualquer perspectiva de uma realidade melhor por meio do Hitlerismo Esotérico ou do Marxismo. Essas prescrições apenas enfraquecem o muro que separa o mundo do Inferno.
O pensamento mágico, por sua vez, permite ao mago crer que ele é Deus. Glenn Hughes observou: “Se o verdadeiro divino é eclipsado ou rejeitado, então partes finitas do ser serão infladas ao status de deuses.”
A fome humana pelo divino, frustrada por inversões gnósticas e pelo cientificismo “progressista,” pode levar uma humanidade cada vez mais insana a abraçar uma fábula autodestrutiva. Hughes observou que, quando nossas “ferramentas interpretativas caem em desuso,” talvez não consigamos mais distinguir o genuinamente espiritual do “magicamente exótico, do ocultamente encantador ou do demoniacamente intoxicante.”
Qual é a Estrutura da Realidade?
Foi Eric Voegelin quem apontou para o complexo de “consciência-realidade-linguagem” como uma via para se alcançar a estrutura da realidade. Recorrendo ao Livro do Gênesis, Voegelin observou que Deus criou o mundo por meio da fala. “E Deus disse: ‘Faça-se a luz.’” Um comando divino chama a Criação para fora do vazio. Voegelin notou: “A palavra falada… é mais do que um mero sinal que significa algo; ela é um poder na realidade que evoca estruturas na realidade ao nomeá-las.”
Aqui temos um vislumbre do que Richard M. Weaver descrevia em seu pequeno livro Ideas Have Consequences (As Ideias Têm Consequências), onde apresentava sua “intuição de uma situação.” Segundo Weaver: “Logo no início eu recomendaria que se examinasse com toda seriedade a antiga crença de que há um elemento divino presente na linguagem. A sensação de que ter o poder da linguagem é ter controle sobre as coisas está profundamente enraizada na mente humana.”
Weaver explicou ainda: “Vemos isso na forma como os homens dotados de fala são temidos ou admirados; vemos isso na potência atribuída a encantamentos, interdições e maldições. Vemos isso na força legal atribuída ao juramento ou à palavra. Um homem pode se vincular diante das contingências apenas dizendo Sim ou Não, o que só pode significar que as palavras, na prática comum humana, expressam algo que transcende o momento.”
Weaver sugeriu que a humanidade perdeu seu rumo com o advento do nominalismo; isto é, a doutrina de que os universais (ou ideias gerais) são meramente nomes sem qualquer realidade correspondente. Para o nominalista, apenas objetos particulares existem. O nominalista, portanto, nega a realidade dos transcendentais – unidade, verdade, beleza e bondade. Imagine uma sociedade que considera a verdade e a bondade como tolices. Pior ainda: em termos da tendência redutora do nominalismo, a Stanford Encyclopedia of Philosophy nos diz que uma pessoa ainda pode ser considerada nominalista mesmo que acredite em universais – desde que creia que “tudo o que existe é espaço-temporal…” O que resta, então, do espiritual, da moral ou da bondade?
Segundo Weaver: “A questão envolvida, em última análise, é se existe uma fonte de verdade superior e independente do homem; e a resposta a essa pergunta é decisiva para a visão que se tem da natureza e do destino da humanidade.”
O resultado mais imediato do nominalismo, ele acrescenta, “é banir a realidade que é percebida pelo intelecto e afirmar como realidade apenas aquilo que é percebido pelos sentidos. Com essa mudança na afirmação do que é real, toda a orientação da cultura toma um novo rumo, e entramos no caminho do empirismo moderno.”
E por que isso é algo ruim? “A negação dos universais traz consigo a negação de tudo o que transcende a experiência,” observou Weaver. E isso significa a negação da verdade objetiva, da bondade moral e da beleza. Em outras palavras, o empirismo está totalmente focado no temporário, não no eterno. Ao falhar em relacionar o temporal com o eterno, ele não oferece alimento espiritual, mas conduz, em vez disso, ao niilismo. Incapaz de ver a verdade, a beleza ou a bondade, o empirismo suga o significado da realidade.
Weaver está certo ao dizer que o nominalismo tem sido uma catástrofe para a humanidade. Incapaz de encontrar sentido nos objetos materiais, o homem se trivializou – perdeu a espiritualidade e a moral – sob o jugo do empirismo, do cientificismo e da ideologia materialista. Não é curioso que estejamos subitamente confrontados com objetos voadores não identificados que desafiam o empirismo, o cientificismo e a ideologia materialista em tudo o que fazem?
E se esses objetos representarem uma perturbação no campo da realidade – puxando-nos de volta aos universais? Observe então a comédia se desenrolar enquanto o homem moderno tenta estudar esses “objetos não identificados” que não se comportam como objetos. Jacques Vallée escreveu: “As coisas que chamamos de objetos voadores não identificados não estão voando nem são objetos. Eles podem se desmaterializar, como algumas fotografias confiáveis parecem mostrar, e violam as leis do movimento como as conhecemos.”
E se os OVNIs forem, em si mesmos, um reflexo da principal transgressão da modernidade? Nesse contexto, Vallée afirmou que os OVNIs parecem ser “metalógicos.” O fenômeno, segundo Vallée, é aparentemente absurdo; contudo, possui “a profunda qualidade poética e paradoxal dos contos religiosos orientais… e das expressões místicas da Cabala, como as referências a uma ‘chama escura’. Se você se esforça para transmitir uma verdade que está além do nível semântico possibilitado pela linguagem de sua audiência, precisa construir contradições aparentes em termos do significado comum.”
Em sua palestra TED, intitulada “A Theory of Everything (Else)” (Uma Teoria de Tudo [o Mais]), Vallée propõe aquilo que chama de a “irmã ausente” da física. Eis o que Vallée propõe:
O outro lado da energia, diz Vallée, é a “informação.” E o que é informação? Pensamento ordenado, linguagem ordenada, significado, sentido – o logos! Assim, a noção de Vallée sobre o reverso da física pode ser vinculada à constelação postulada por Voegelin de “consciência-realidade-linguagem”, onde a informação é o que dá estrutura ao vazio e significado à realidade. Afinal, o que é a forma? A linguagem é a essência da forma, pois representa informação ordenada. Portanto, o universo não é um caos aleatório de partículas colidindo, onde as espécies se originam por mutações mais seleção natural; pois como poderia o mero acaso dar origem à ordem, à verdade, à bondade, à beleza, ou a criaturas autoconscientes que são capazes de apreciar a verdade, a bondade e a beleza?
A física materialista postula um universo sem intencionalidade, sem teleologia – sem Deus. Mas, como Aristóteles apontou, uma explicação completa de algo deve considerar tanto sua causa final quanto sua causa eficiente. Para que serve uma coisa? Por que ela existe, afinal? E o que significaria dizer que algo não tem razão de existir?
Como Vallée sugeriu em sua palestra, a física está começando a abrir os olhos sob o conceito de “dupla causalidade”; no entanto, Vallée talvez não saiba que uma elaboração adicional foi oferecida pelo físico ucraniano Victor Kulish, em um livro intitulado Hierarchic Electrodynamics and Free Electron Lasers: Concepts, Calculations, and Practical Applications, onde Kulish demonstra que todos os sistemas (isto é, coisas aninhadas dentro de outras coisas) são hierárquicos, e que cada sistema é ordenado de acordo com um Princípio Divino. Voegelin citou Gênesis no sentido de que Deus falou o universo à existência (sendo que a fala não é uma balbúrdia, mas informação ordenada). Remover a ordem e o significado da criação é remover a primazia da Palavra por meio do nominalismo. Assim, retornamos à “intuição de uma situação” de Weaver, onde “no princípio era o Verbo [logos]”, e nada de consequente existiria sem “o Verbo [logos].”
Quando a Ciência Não Tem Resposta
Em seus diários, Vallée expressou a opinião de que, quando o fenômeno OVNI estava nas manchetes nas décadas de 1950 e 1960, a maioria dos cientistas que demonstravam interesse pelo assunto estava mais preocupada com suas aposentadorias do que com a busca pela verdade. “Na realidade,” ele escreveu, “muito poucos deles davam alta prioridade à ciência verdadeira.”
Vallée não é um cientista comum. Por mais de seis décadas, ele avançou laboriosamente pelo assunto dos OVNIs, examinando todos os ângulos concebíveis. Em nenhum momento ele se tornou um crente exaltado. Pelo contrário, manteve-se cauteloso e meticuloso em sua abordagem. Ao mesmo tempo, uma série de especuladores pseudocientíficos, que estão longe de ser cautelosos, tem apresentado ao público um fluxo contínuo de “revelações” sensacionalistas mas duvidosas.
Nos últimos anos, o History Channel produziu uma série de televisão ficcionalizada chamada Project Blue Book, retratando o astrônomo J. Allen Hynek e sua esposa Mimi como heróis presos entre as intrigas sinistras da Força Aérea dos Estados Unidos e da KGB. A realidade, no entanto, possuía muitas outras camadas. Para dar aos leitores um gostinho de como as coisas realmente eram, a primeira reunião de Vallée com o “comitê de OVNIs” de Hynek, realizada na casa do astrônomo em Evanston, Illinois, em 17 de novembro de 1963, foi bem diferente da série de TV. Mimi Hynek repreendeu Vallée quando ele expressou insatisfação com termos como “disco voador” e “OVNI,” preferindo a expressão “Fenômeno Arnold.” Vallée escreveu que Mimi “acha o assunto completo um absurdo, e discutiu emocionalmente comigo. Ela não acreditava que jamais haveria um tempo em que o tema fosse estudado seriamente em uma universidade importante, sob o termo OVNI, Fenômeno Arnold ou qualquer outro nome.” O professor Hynek observava Vallée e sua esposa discutirem. “Sabiamente,” escreveu Vallée, “ele evitou se envolver na disputa.”
O temperamento do professor Hynek foi descrito por Vallée como “espirituoso e gentil.” Hynek, como consultor científico do Project Blue Book, não poderia evitar a controvérsia para sempre. O país inteiro não era sua mesa de jantar, com Vallée de um lado e sua esposa do outro. A Força Aérea dos EUA recorreu a um comitê liderado pelo professor Edward Condon para desacreditar todo o assunto inconveniente (como Mimi previa). Após o encerramento do Project Blue Book, na presença de Vallée, um pesquisador francês começou a culpar os Estados Unidos por mentir sobre os OVNIs. Sempre razoável, Vallée perguntou: “Por que os EUA são sempre culpados por tudo? Não acredito que a Força Aérea Francesa esteja dizendo a verdade sobre os OVNIs também.”
Vallée ofereceu algumas ideias sobre por que os governos querem que os avistamentos de OVNIs desapareçam. Primeiro, o tema abre uma caixa de Pandora que toca em religião, paranormalidade e no sentido da existência. Esses não são tópicos confortáveis para funcionários do governo. De fato, é humilhante quando se espera que você forneça respostas – e nenhuma está disponível. Assim, a Força Aérea dos EUA tentou enterrar a questão dos OVNIs com o Comitê Condon ao custo de meio milhão de dólares. O relatório resultante, com oitocentas páginas, afirmou que o estudo dos OVNIs “não pode ser justificado na expectativa de que a ciência será, com isso, avançada.” Claro, isso depende do que se entende por “ciência.” Vallée escreveu: “O professor Edward Condon, que liderou o estudo, acreditava tão fortemente na inutilidade de tudo aquilo que destruiu os arquivos do projeto. Três dias antes de sua morte, em março de 1974, ele ainda instava um amigo físico a abandonar seu estudo sobre OVNIs. Quando Condon foi informado de que um documentário estava sendo preparado, defendeu que todas as filmagens fossem queimadas.”
Por que Condon estava tão determinado a encerrar o assunto dos OVNIs de uma vez por todas? Provavelmente porque partilhava de uma atitude que permeia a ciência dominante há dois séculos: a crença de que a salvação da humanidade reside no conhecimento científico. Portanto, Condon não queria reconhecer mistérios impenetráveis. Tais mistérios poderiam colocar a própria ciência em questão. Assim, a existência de algo como o OVNI, com todos os seus elementos paranormais, ameaça a ciência enquanto fé. Mas isso não é fé de verdade, quando a supressão da verdade se torna necessária. Trata-se, mais uma vez, de um desespero existencial encoberto por uma inversão da fé. Por isso o cientista zomba do OVNI e marginaliza as testemunhas – não porque esteja escondendo a verdade sobre os OVNIs, mas porque está se escondendo de sua própria falência espiritual.
Nesse sentido, vale destacar que a revista Wired publicou uma matéria intitulada “Jacques Vallée Still Doesn’t Know What UFOs Are” (Jacques Vallée Ainda Não Sabe o que São os OVNIs). Lá encontramos Vallée manuseando um pedaço de metal que teria escorrido de um OVNI arredondado e avermelhado sob a forma de líquido derretido – diante de onze testemunhas. De acordo com o artigo, análises metalúrgicas mostraram que o metal do OVNI “consistia principalmente de ferro, com traços de carbono, titânio e outros elementos – basicamente, uma liga de aço desorganizada a ponto de parecer ferro fundido.” Vallée queria que um cientista de ponta lhe dissesse onde e como aquele pedaço de metal do tamanho de uma chalota teria sido fabricado. A resposta: “Era feito de elementos isotopicamente comuns, misturados de maneira atípica.” A mesma resposta surgiu com outros fragmentos, embora no caso de Trinity (publicado no ano passado), um suposto “painel” extraído de um OVNI acidentado provou ter sido manufaturado por alguém que usava o sistema métrico. (!)
Conclusão
Com o advento de drogas alteradoras da mente, hipnose e armas psicotrônicas, pode ser possível que a tecnologia humana simule um evento de contato extraterrestre (como, por exemplo, uma abdução alienígena). Vallée suspeita que governos já tenham forjado incidentes de OVNIs. Em uma sessão de brainstorming com o professor J. Allen Hynek, quase cinquenta anos atrás, um Vallée bem mais jovem sugeriu que o OVNI pode ser inteiramente humano – produzido pela mente humana. “Nesse enquadramento, não tem nada a ver com qualquer objeto externo,” propôs Vallée. “Pode ser que haja, inerente à nossa espécie, uma espécie de mecanismo de defesa embutido que só se revela em tempos de estresse social extremo.”
Em suas conversas com Hynek, Vallée também se perguntou se ocultistas poderiam estar por trás do fenômeno dos OVNIs. Hynek perguntou se ele estava sugerindo se “pessoas em sociedades ocultistas… poderiam ter descoberto outras formas de fazer as coisas….” Vallée então ofereceu um cenário intrigante e assustador, já familiar aos teóricos da conspiração: Suponha que um grupo tenha investigado ao longo de linhas de raciocínio racional e finalmente tenha entrado em contato com outras formas de consciência? Eles teriam mantido isso em segredo, pois seus líderes estariam preocupados com as consequências de revelar isso a um mundo despreparado. Por que não mantivemos em segredo o fato de que E=MC²? … Porque fomos imprudentes. Suponha que eles tenham sido sábios – e tenham mantido suas descobertas em segredo. E agora eles estão fabricando OVNIs no quintal de casa. Que tal essa teoria maluca?
Vallée então tentou criticar esse “cenário”, dizendo que as organizações ocultistas nos Estados Unidos geralmente consistem em grupos de malucos, idealistas e senhoras idosas. Mas então, talvez existam grupos e sociedades ocultas que realmente tenham se mantido em segredo. Se for o caso, um grupo assim poderia ter... os meios para manipular a opinião pública em grande escala.
Não é necessário ir muito longe para descobrir evidências de organizações ocultistas não tão secretas. A SS de Heinrich Himmler, sob o Terceiro Reich, originalmente consistia em vários departamentos de pesquisa. Um deles estava relacionado ao ocultismo — liderado por homens altamente instruídos, juramentados ao segredo — chamado Ahnenerbe (Herança Ancestral). Era uma organização em busca da Atlântida e do Santo Graal. De fato, o SS Otto Rahn foi encarregado de encontrar o Graal. Ele chegou a escrever um livro intitulado O Tribunal de Lúcifer: A Jornada de um Herege em Busca dos Portadores da Luz. Em suas páginas, Rahn atacava Santo Agostinho e o Cristianismo.
Acredita-se que Himmler queria reviver o paganismo germânico. No Castelo de Wewelsburg, Himmler encontrou-se com ocultistas — talvez com a bela Maria Orsitsch (também conhecida como Orsic), que liderava um grupo de médiuns mulheres encarregadas de canalizar inteligências de outro mundo. A equipe de Orsic teria contatado (por meios psíquicos) alienígenas do sistema de Aldebarã. Essas entidades supostamente transmitiram segredos tecnológicos ao grupo de Orsic. Supostamente, Orsic possuía uma pilha de papéis canalizados em uma escrita ilegível, que acabou por ser identificada como sumério antigo. Quando traduzidos, descobriu-se que era um plano para uma máquina voadora circular. Alguns disseram que Orsic inventou o disco voador; a menos, é claro, que a história seja uma farsa (o que provavelmente é). Uma coisa que talvez não seja uma farsa, contudo, é que Orsic desapareceu na primavera de 1945 — quando as tropas soviéticas entraram em Viena. Seus admiradores gostariam de pensar que ela partiu para Aldebarã. Mais provavelmente, ela foi levada para Moscou.
Então, o que tudo isso significa?
Charles Upton argumentou de forma persuasiva que o fenômeno ufológico autêntico é de natureza demoníaca. Ele suspeita ainda que a “comunidade de inteligência/engenharia social” gostaria de usar o fenômeno para avançar uma sequência programada de “revelações”: (1) que OVNIs são rastreados por radar e avistados por aeronaves militares; (2) que nossas forças armadas recuperaram destroços de naves alienígenas; (3) que abduções alienígenas são reais; (4) que estamos fazendo engenharia reversa em tecnologia alienígena; (5) que recuperamos corpos alienígenas; (6) que o governo está em contato com alienígenas; (7) que mantemos relações diplomáticas de longa data com raças alienígenas ou um Conselho Galáctico; (8) que os alienígenas criaram a humanidade; e (9) que os alienígenas em questão são interdimensionais, e foram outrora supersticiosamente considerados demônios ou anjos (fechando o círculo). Upton enfatiza que esses passos têm como objetivo deslegitimar o Cristianismo. A partir de minhas pesquisas sobre o assunto, parece que ex-funcionários do governo dos EUA estão de fato promovendo essas “revelações” conforme delineado por Upton. Aqui, especulações sobre extraterrestres podem ser descaradamente apresentadas como verdade; ou seja, uma falsa verdade projetada para destruir crenças tradicionais.
Eric Voegelin certa vez reclamou que “uma cadeia ininterrupta de especulações” tem atormentado a humanidade desde a Alta Idade Média; especialmente, especulações sobre o estabelecimento de um paraíso na terra. Vez após vez, observou Voegelin, a “libertação” da humanidade foi “proclamada em um amplo espectro de estados de ânimo sectários, gnósticos, alquímicos, apocalípticos e ideológicos.” No que diz respeito à crença atual no contato extraterrestre, Voegelin talvez dissesse que estamos lidando com o “pathos de pensadores que existem em um estado de alienação e obsessão libidinosa.”
Nesse contexto, parece que o Projeto Divulgação anti-fascista do Dr. Steven Greer “é um ato libidinoso de auto-salvação” que, na análise de Voegelin, inverte os termos da existência humana e seus mistérios. O mais dedicado investigador do fenômeno ufológico, Jacques Vallée, disse que “os fenômenos ufológicos não são consistentes” com a hipótese extraterrestre. Segundo Vallée: “Alguém está fazendo um esforço enorme para convencer o mundo de que estamos ameaçados por seres do espaço sideral. Em apoio a essa ideia, muitos dos fatos [...] foram distorcidos a ponto de até mesmo os crentes em OVNIs estarem abandonando seu campo de pesquisa e a investigação de avistamentos reais por testemunhas reais, em favor de especulações de poltrona sobre discos voadores caídos e autópsias alienígenas.”
Deve-se apontar, e enfatizar, que a crença generalizada em visitação extraterrestre coincide historicamente com a ascensão do totalitarismo nazista e soviético; e isso pode não ser acidental. Se o fenômeno ufológico genuíno está associado a “uma forma de consciência não-humana que manipula espaço e tempo de maneiras que não compreendemos,” talvez estejamos lidando com fenômenos demoníacos ou angélicos que se manifestaram intencionalmente neste momento. Talvez os horrores do Terceiro Reich e do gulag soviético coincidam com os primeiros avistamentos em massa de OVNIs por uma razão. Talvez uma guerra nuclear esteja por vir, e o OVNI seja um presságio.
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