Filme-propaganda que chora as pitangas sobre ser censurado exalta a censura dos socialistas italianos
Muito se fala do documentário “Europa: a última batalha”, longuíssimo, recheado de afirmações e que propaga o ponto de vista do racial-socialismo, com as suas bandeiras típicas, tais como racismo, antijudaísmo e anticapitalismo.
Grosso modo, é uma releitura que se faz do século XX e seus conflitos, com base no ponto de vista dos regimes que foram derrotados pelos aliados. Esse filme-propaganda tem encontrado dificuldades para circular, se você fizer o upload dos episódios em plataformas como youtube, pode ter certeza de que seu canal será derrubado.
E aí ficamos com um dilema: é lícito e razoável censurar esse tipo de conteúdo? Em que medida a censura feita pelos regimes atuais pode ser admitida?
No segundo episódio da série de vídeos, observa-se que os produtores promovem a exaltação da censura praticada pelos fascistas, que nada mais foram senão socialistas dissidentes do campo de esquerda.
Os fascistas italianos supostamente retiravam de circulação as manifestações perigosas para a moral pública, então quando eles censuravam, segundo o documentário-propaganda, era para “manter um alto padrão moral, manter as coisas limpas e respeitáveis”, protegendo a população. Ora, trata-se da mesma justificativa das semidemocracias quando determinam a retirada de conteúdos que ameaçam a “saúde pública”, que propagam “notícias falsas”, “discursos de ódio” ou “desinformação”, tudo com o objetivo de manter um ambiente de respeito mútuo e proteção da comunidade contra a “desordem informacional”.
Consequentemente, quando a propaganda socialista é censurada pelas socialdemocracias ou semidemocracias, isso não significa, por si só, uma injustiça, pois eles estão sendo alvo das medidas que, no fundo, defendem e praticam quando sobem ao poder. Quando um traficante investe contra outro, nenhum dos dois está certo.
Os regimes comunistas fecham os partidos adversários, deveríamos admitir partidos comunistas? Não.
Os regimes fascistas e nacional-socialistas espancavam e reprimiam os partidos adversários, deveríamos admitir que se fundassem partidos socialistas com esse mesmo viés? Não.
Nesse caso, aplica-se a lei da reciprocidade, por tal razão não se compara a repressão dos Estados Novos português e brasileiro (este com um viés acrescido de socialismo, se compararmos com o regime de Salazar), o regime militar com a censura implementada pelos regimes socialistas vinculados ao movimento comunista internacional. Por que é que os socialistas, seja a vertente nacional ou internacionalista, devem usufruir de uma liberdade de expressão se, nos seus respectivos regimes historicamente existentes, punham os opositores na prisão e os executavam?
Mas já escutei que “se um material é censurado, é porque seu conteúdo é verdadeiro”, nesse caso os materiais censurados pelos regimes socialistas de Hitler e Mussolini também propagavam verdades e, ipso facto, suas narrativas implodem, porque agora é o racial-socialismo que é censurado.
Discursos de justificação de regimes são diferentes de discussões sociais sobre tópicos variados, que devem ter a permissão de serem ventilados num regime democrático de fato.
Por exemplo, a discussão em torno do caso Maria da Penha não envolve um projeto político favorável a regimes que instituem censura totalitária, logo é inadequada a censura contra o documentário feito pelo Brasil Paralelo.
Questões de transparência do voto são ínsitas ao processo eleitoral por meio do qual representantes são escolhidos, portanto não tem correlação com a justificação de um regime autoritário.
Mas o documentário-propaganda envolve pontos doutrinários que, reunidos, configuram a justificação do racial-socialismo e de seu parceiro socialista italiano. Assim, ao defender a liberdade de expressão, não se está convidando as correntes socialistas esmagadas pelo socialismo internacional a voltarem ao debate público.
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